Luiz Gomes: ‘E aqui, não vai nada?’

Colunista do LANCE! escreve sobre a suspensão de Marco Polo Del Nero nesta sexta-feira 

Marco Polo Del Nero, presidente da CBF
Fifa suspendeu Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, por 90 dias nesta sexta-feira (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

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Mais uma vez, a punição a cartolagem que há quatro décadas lesa o futebol brasileiro vem de fora. Vergonha maior para o Brasil - do que a CBF ter um presidente que não pode sair do país com medo de ser preso, que se esconde de eventos públicos - é saber que assim como seu criador Ricardo Teixeira, Marco Polo Del Nero continua a transitar livremente por aqui, sem responder a processos, sem ser investigado a sério pelo Ministério Publico, pela Polícia Federal ou qualquer outra instancia legal.

O afastamento de 90 dias das funções na CBF pouco vai influenciar na prática a vida de Del Nero. O coronel Nunes, os demais vice-presidentes da entidade, assessores e diretores executivos - inclui-se aqui o aspone-mor Walter Feldman, continuarão a exercer o poder seguindo ordens, métodos e princípios de quem os colocou lá. Acho que nem o maior dos ingênuos acreditaria que não será assim.

O desaparecimento fugitivo de Del Nero há muito já vem custando caro ao nosso futebol. Sem participar dos eventos da Conmebol e da Fifa, perde força política e representatividade. Deixa clubes brasileiros, inclusive, largados a própria sorte em momentos decisivos da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Vale lembrar que ele foi o único dirigente a não comparecer ao sorteio de grupos da Copa.

A decisão da Fifa, contudo, analisada sob outro ponto de vista, pode ter um peso importante. Pode ser o começo do fim, enfim, dessa dinastia maléfica do futebol nacional. O que importa no caso é o que levou o comitê de ética a decidir como fez: as denúncias e documentos apresentados por testemunhas e pela própria defesa de José Maria Marin no julgamento de Nova York.

Como se sabe, para livrar a própria pele, Marin se coloca no Tribunal como uma figura decorativa, manipulada pelo seu então ex-vice Del Nero. Óbvio que não era assim. Óbvio que decisões - e ao que parece propinas e outras vantagens ilícitas - eram igualmente compartilhadas pela dupla. E o criador Ricardo Teixeira.

Meias verdades não importam. O que vale é que o esquema se corrói agora de dentro pra fora. E ninguém será capaz de deter a erupção final. Resta saber até quando Del Nero e Ricardo Teixeira continuarão a desfrutar de um salvo conduta para exilarem-se dentro do próprio pais.

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