José Luiz Portella: ‘Dois eventos que deveriam ser aperitivos suculentos’

Copa São Paulo e Estaduais tinham tudo para esquentar as principais competições, mas...

Corinthians 2x1 Flamengo
Corinthians e Flamengo fizeram um raro bom jogo pela Copinha, nas quartas de final (Foto:Mauro Horita/AGIF)

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A Copinha e os Estaduais são os eventos que quebram a abstinência de futebol nacional que se vive desde dezembro.

Deveriam ser aperitivos suculentos que estimulassem os pratos principais, Libertadores, Copa do Brasil, Brasileirão. Não são.

A Copinha é chata, quase o tempo todo. Uma profusão desmesurada de clubes, um parque de exposição para os empresários, com jogos iniciais sem competitividade, jogados em campos deploráveis, com a anuência inexplicável da Federação Paulista, em período de chuvas e enchentes, o que destroça ainda mais os supostos gramados existentes. Vai ficar boa só na quarta fase, por aí, e tem uns três ou quatro jogos que realmente valem a pena. Pouco se pode vislumbrar a que permita uma esperança de jogadores habilidosos. Este ano, o único jogo que cumpriu a função foi Flamengo x Corinthians.

A desinformação mantém ainda o discurso vazio da entrega do futebol aos empresários via Lei Pelé. Que não é verdade. Foi a Lei Bosman, na Europa, e anterior a Lei Pelé. Se alguém se importasse de fato, com o predomínio dos empresários, não realizaria uma Copinha com 120 clubes. Faria preliminares nos estados, qualificando os times com melhor desempenho. É tudo uma “mentirada” “fake”, sem qualquer coerência.

Cansei também de tentar justificar os estaduais com aquela saída “ajeitada” de os grandes entrarem na fase final para manter a tradição. Estaduais não fazem mais sentido no Brasil, faziam há 50 anos atrás. Há uma total destruição do valor de ser “campeão estadual”. Lembre dos campeões estaduais em 2016, nos estados mais consagrados, e qual foi a repercussão e o valor que a torcida deu ao título.

Veja se algum campeão estadual que fracassou nos campeonatos a seguir, obteve a tolerância da respectiva torcida. Estaduais não enchem mais a casa de alegria. Nem são assunto na padaria da esquina.

Além da irrelevância, eles não fazem sentido econômico, num futebol que paga salários estratosféricos e os clubes dependem da qualidade do JOGO, como unidade de valor para ter receita. Os estaduais viraram uma pré-temporada alongada. A consolidar os presidentes das federações.

Para completar, o calendário. Se o adequássemos ao mundo evoluído do futebol, o início de temporada, seria por volta de agosto, propiciando amistosos internacionais que produziriam receita e aumento do valor da marca. E a Copinha ocorreria neste período, fugindo do aguaceiro que inunda os campos, dificultando que os eventuais futuros atletas tenham mais facilidade para mostrarem o devido valor. Tem nada de Lei Pelé. Desempenhamos mal, porque escolhemos fazer assim.

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