Fórum expõe conflitos na relação entre clubes e profissionais de futebol
Representante de atletas cobra requisitos mínimos a jogadores e responsabilização de dirigentes enquanto que presidente do Santos pede que clubes também sejam protegidos
A relação trabalhista entre clubes e profissionais que atuam no futebol foi tema de debate da primeira mesa de discussões do Fórum Legislativo do Futebol realizado nesta terça-feira, 24, em Brasília. Em um momento em que os clubes brasileiros passam por dificuldades financeiras, sendo que muitos ficaram meses sem pagar salários a jogadores e técnicos, as responsabilidades juntos aos profissionais com leis que defendam seus direitos foram abordadas pelos representantes dos atletas.
Segundo o presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), Rinaldo Martorelli, apontou para a necessidade de atualização da legislação brasileira para abranger as novas necessidades. Entre elas está a criação de um seguro-desemprego de pelo menos dois anos para que os jogadores que encerram as carreiras possam buscar uma nova atividade.
"Não podemos tratar o futebol de hoje como tratava o Vicente Mateus", Rinaldo Martorelli (Fenapaf)
- As questões são novas e se não seguirmos nesta linha não iremos resolver os nossos problemas. Não podemos tratar o futebol como tratava o Vicente Mateus - afirmou Martorelli, citando o folclórico presidente do Corinthians.
Martorelli também afirmou não ser contra a criação da Liga Sul-Minas-Rio, mas apontou a necessidade de proteção à integridade física dos atletas por conta do calendário apertado do futebol brasileiro.
- O atleta tem que ter o intervalo de jogos respeitado. Se quiser contratar mais jogadores ok, mas não o mesmo jogar vários jogos em um curto espaço de tempo - disse o presidente da Fenapaf.
Ex-jogador de Flamengo e Vasco na década de 70 e atual treinador de futebol, Zé Mário aproveitou para defender a categoria durante o evento.
- Os treinadores precisam de uma proteção para trabalhar. Três jogos com resultado negativo hoje já é motivo para acabar com um trabalho - criticou o ex-jogador.
Após ouvir as críticas dos que defendem atletas e técnicos de futebol, Modesto Roma Júnior, presidente do Santos, fez questão de mostrar que também há pontos pendentes na legislação envolvendo os clubes.
- Precisamos proteger os jogadores, treinadores, preparadores físicos, torcedores... e quem protege o clube? Talvez o clube seja o grande penalizado pela legislação - comentou o dirigente santista.
O principal ponto citado pelo dirigente foi em relação à atuação de empresários no futebol. Segundo Modesto, o Santos tem um gasto hoje de R$ 12 milhões nas categorias de base tendo que lidar com a possibilidade de perder atletas negociados por seus agentes.
- Esses são os grandes gigolôs do futebol brasileiro e os clubes precisam da sua proteção, que estão à mercê da ganância dos empresários - apontou o dirigente.