Técnico do Boavista, Allax vê time em ascensão: ‘Pressão de Galoucura’

Treinador do outro finalista da Taça Guanabara, o ex-goleiro Eduardo Allax quer conquistar o segundo título em quatro meses com o Verdão de Saquarema

Eduardo Allax, treinador do Boavista
Rafael Bortoloti

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Eduardo Allax pode não ser um rosto dos mais famosos no futebol, mas se ele levar o Boavista ao inédito título da Taça Guanabara, torneio que o Verdão de Saquarema foi vice em 2011 para o mesmo Flamengo, quem sabe não consiga agora?

Ex-goleiro, ele defendeu, entre outras equipes, Grêmio, Ceará, Náutico e Atlético-MG, clube onde ficou marcado por uma briga com o zagueiro Cris e por marcar um gol de cabeça após ir para a área, receber uma negativa dos colegas de time e dizer: 'eu vou fazer o gol'.

O treinador do Boavista falou com o LANCE! e comentou sobre a preparação para a final contra o Flamengo, além dos planos para o futuro.

Por que o Boavista faz um boa campanha na Taça Guanabara?

É trabalho com continuidade. Fomos campeões da Copa Rio em novembro (torneio que reúne as equipes de menor expressão), conseguimos manter a base daquele time e fizemos contratações pontuais. Trouxemos jogadores de velocidade para o ataque. Treinamos duro, fizemos meia pré-temporada em Dubai (o ex-atacante Donizete Pantera ajudou a bancar a estadia nos Emirados Árabes) e outra parte em Saquarema, para ter um clima parecido do Rio.

Chegar à final  te surpreende ?

Na verdade, nós planejamos chegar às semifinais e tivemos o mérito de fazer um grande jogo e classificar à final. Não chega a ser uma surpresa, pois é ano de Copa e os clubes grandes tiveram pouco tempo para treinar. Tínhamos que aproveitar isso.

Como você projeta a Taça Rio?

Prefiro não fazer projeções e focar na final. Até porque o que iremos fazer no segundo turno depende do resultado. Se formos campeões, vamos usar um time alternativo. Senão, ela será mais difícil para nós, assim como para todos os pequenos, pois todo mundo estará igual fisicamente.

Como você motiva atletas que disputavam Libertadores e Brasileirão e agora estão em equipes modestas?

Não tem muito o que fazer para motivar. É treinar. Eu os coloco no limite dos exercícios e essa parte de motivação tem que partir deles. Eles sabem que se estiverem bem vão jogar. É o caso do Fellype Gabriel, que vem em evolução física e nos classificou para a semifinal e depois final. Não faço esse trabalho de psicólogo. Acredito mais na força do treinamento.

Em quem você se inspira como treinador?

Muita gente me ajudou para eu chegar aqui. O Jorginho foi o primeiro. Fiz estágio com o Muricy, no Santos e com o Abel, ambos em 2011. Gosto muito deles. Do Waldemar Lemos também, que é um cara que treina muito...É um pouco dos três: a liderança do Abel, a honestidade do Muricy e o treinamento do Waldemar.

Como começou na profissão?

Eu comecei como auxiliar do Duque de Caxias, na Série B do Brasileiro de 2011. Depois, assumi como treinador do próprio Duque, na Série C de 2012. Fui para o Resende e chegamos a uma semifinal da Copa Rio, outra da Taça Rio. Parei no Gama, que é um time de expressão e pressão. Um time em situação difícil, com o quadro social ativo...Bangu, Nova Iguaçu e agora Boavista.

Na semifinal, o treinador do Bangu, Alfredo Sampaio, reclamou de um olheiro que foi ao treino deles. O que você tem a dizer sobre isso? E como foi a preparação para o jogo de hoje?

Eu não tive participação nenhuma nisso. Nem fiquei sabendo. Só fiquei sabendo que isso aconteceu ali na hora. Foi uma coisa do presidente com o auxiliar do clube e mesmo assim, não me passaram nada, nenhuma informação... Eu tenho aplicativos que me dão informação sobre os outros times e vi os seis jogos do Flamengo, sobretudo a partida contra o Botafogo, que jogou com força máxima. É um grande time e vai ser um grande jogo.
Não tenho empresário, não tenho assessor de imprensa. Ninguém para me promover.

Qual valor a conquista da Taça Guanabara teria para a sua carreira?

A gente sobrevive de vitórias no futebol. Não tenho empresário, não tenho assessor de imprensa. Ninguém para me promover. Eu trabalho dentro do campo e se não tiver vitória, não terei vida longa no futebol

Hoje, o Boavista é a quinta força do estado?

Sim, porque estamos em uma final de Taça Guanabara, mas é muito nivelado entre os times menores.

O time é gerido por empresários. Ajuda o trabalho?

Que nada. Esses caras fazem a mesma pressão que a Gaviões da Fiel e Galoucura. Futebol é pressão, é resultado. A única diferença é que se eu saio na rua hoje, ninguém vai ficar me cobrando porque escalei fulano ou ciclano. A pressão interna é a mesma. O que muda é a externa.

Você foi goleiro, mas fez dois gols. Conte essa história para gente. 

Um foi numa semifinal de Campeonato Carioca. Eu estava no Bangu e fomos enfrentar o Fluminense. Cobraram uma falta na área e eu fiz de cabeça, mas o juiz anulou. E o outro foi Atlético-MG x Juventude, no Brasileirão de 2003, quando garanti a vitória do Galo.

Na sua aposentadoria, você teve uma doença na artéria. Que doença foi essa?

Tive uma doença na artéria e por opção parei. Poderia operar, mas preferi seguir o tratamento e hoje estou bem e vida que segue.

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