‘Decisão do STF não importa em nada’, diz ex-dirigente do Grêmio

Membro do Clube dos 13 em 1987 ressalta 'coerência' dos clubes ao se rebelarem contra CBF e ratifica decisão da Copa União: 'Flamengo é campeão brasileiro daquele ano'

Flamengo e Sport travam há 30 anos na Justiça uma disputa em torno do título brasileiro de 1987
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A decisão da Primeira Turma do STF em manter o Sport como único campeão brasileiro de 1987 continua a render uma repercussão negativa no mundo do futebol. Ex-presidente do Grêmio na época da criação do Clube dos 13, Paulo Odone declarou ao LANCE! que a determinação jurídica não interfere na certeza de que o campeão nacional foi o Flamengo:

- Talvez ao Sport interesse muito, mas nenhum fato jurídico muda o que nós fizemos no Clube dos 13. O Flamengo é o campeão brasileiro de 1987 e o Internacional, vice. Mesmo com o Inter sendo nosso rival, vou manter a coerência com o que decidimos.

Odone apontou que o veto à exigência do cruzamento de módulos para a Copa União ocorreu em comum acordo entre todos os clubes:

- Quando chegou a exigência da CBF, decidimos que iríamos manter nossa coerência e recusar o cruzamento, é isso que importa. Houve unanimidade dentro dos clubes dos 13 sim, está na ata! O Eurico Miranda foi à CBF e dialogou com eles. O que aconteceu em 1987 não pode ser mudado por ninguém.

O ex-dirigente destacou o impacto da Copa União, e lamentou que o movimento tenha se dissolvido com o passar do tempo:

- O que marcou a Copa União foi a rebeldia dos clubes em relação à CBF. Afinal, antes era a entidade que negociava e repassava para cada clube as cotas de transmissão. Nós mesmos criamos o Clube dos 13 e fizemos acordo com a Rede Globo e a Coca-Cola. Infelizmente, só não se completou porque esta ideia de uma liga foi minimizada. O Clube dos 13, depois, virou uma tesouraria da CBF - lamentou.

O caso saiu das quatro linhas e foi para a esfera jurídica ainda em 1988. E, há décadas, segue a se arrastar em várias instâncias.

BATE-BOLA

PAULO ODONE - Presidente do Grêmio em 1987



1 - Em que momento os clubes perceberam que era a hora de fazer uma ruptura com a CBF e organizar sua própria competição?

Os clubes estavam irritados com a manipulação política que marcava Brasileiro. Sempre víamos mais de 40, 60, chegamos a ter 94 clubes! Decidimos fazer uma reunião em São Paulo, na sede do Palmeiras, e, ao lado de outras lideranças como Carlos Miguel Aidar, Márcio Braga, Eurico Miranda, decidimos que faríamos uma competição mais enxuta. Originalmente, seriam os 13, mas depois completou para 16.

2 - Qual foi a reação de vocês quando, às vésperas do início da Copa União, a CBF anunciou a tabela do Campeonato Brasileiro feita por ela?

Aquela atitude da CBF pegou todo mundo de surpresa. Afinal, meses antes eles não teriam condições de organizar o Brasileiro, e agora estavam fazendo uma tabela? O presidente do Atlético-MG me ligou: "Paulo, se eu não jogar no Olímpico, vamos perder por WO?". Eu disse para ele ficar tranquilo, que a tabela da Copa União era a que valia. A CBF cedeu, na Copa União fizemos uma competição com pontos corridos na primeira fase, seguido de mata-matas, e isto chamou um grande público nos estádios. Aceitamos dividir entre os Módulos Verde e Amarelo, com cada um tendo 16 clubes de maneira unânime.

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