Com Aloísio Chulapa, Comercial tenta o ‘golpe’ no Sul-Mato-Grossense

Usando o carismático centroavante como referência, clube tem a chance de se igualar ao Operário como o maior campeão estadual. Clubes rivais têm a ver com a luta de classes

Aloísio começou no CRB (AL), em 1994. Passou por Fla, Guarani e Goiás e chegou ao Saint Étienne (FRA) (foto), em 1999
(Foto: Reprodução/Instagram)

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A classe popular está no poder, mas, nas próximas semanas, representantes da elite vão tentar mudar o cenário. Esse é o Campeonato Sul-Mato-Grossense,
que, nas próximas semanas, verá o Comercial, que enfrenta o Sete de Dourados na final, tentar se igualar ao Operário como o maior campeão da competição. Para isso, conta com Aloísio Chulapa, contratado no início do ano para ser referência dentro e fora de campo.

Dez vezes campeão, o Operário, que não vence o Estadual desde 1997, foi fundado por um grupo de trabalhadores da construção civil. Por outro lado, o Comercial, atual campeão, foi fundado pela classe que o batiza, tradicional no estado.

Nas décadas de 1970 e 1980, a participação dos clubes na elite do Campeonato Brasileiro e a consequente popularização minimizou a  "luta de classes" e fez com que as torcidas se democratizassem, incorporando adeptos de todas as classes sociais. Isso explica como um clube originado na elite comerciante tenha Aloísio como "face".

Neste ano, o clássico "Comerário" foi anunciado em redes sociais com os rostos de Aloísio e de Rodrigo Gral, reforço do Operário para o Estadual. Os dois se conheciam desde 2008 e 2009, quando jogaram no Qatar – Chulapa no Al-Rayyan, e Gral no Al-Khor e no Al-Sadd – e marcaram os gols do empate por 1 a
1 em um dos dois duelos de 2016.

Rebaixado em 2009 e 2011, o Operário, de volta à elite neste ano, parou na semifinal. A equipe foi eliminada pelo Sete de Dourados, que vai decidir o campeonato com o Comercial em dois jogos: a ida neste domingo, às 15h, no Douradão, e a volta no dia 8/5, no mesmo horário, no Estádio das Moreninhas.

A ausência do rival pode facilitar o “golpe” para Aloísio Chulapa e companhia. Vai ter ou não?

VEJA UM BATE-BOLA EXCLUSIVO COM ALOÍSIO CHULAPA:

Se for campeão, o Comercial vai igualar o Operário. Você sabia?
É verdade, fiquei sabendo que podemos igualar. É um clássico, é como se fosse São Paulo x Corinthians.

Dizem que o Operário é o time do povo, enquanto o Comercial é o time da elite. Você vê assim?
É verdade, todo mundo me fala que o Operário é o time do povo, brincam
(risos). Mas o importante é o futebol do estado crescer. O Comercial me
contratou, o Operário contratou o Rodrigo Gral. Ele é meu parceiro. Quando a gente estava no Qatar (2008 e 2009) a gente ganhava cartão, eu comprava danone e ele não comprava porque não tomava. Aí eu pegava o cartão dele para comprar mais (risos).

Você já pensou no que vai fazer quando parar de jogar futebol?
Meu sonho é aposentar no Atalaia, junto com o Chico Vigário (ex-prefeito),
e colocar o clube entre os quatro do alagoano. Se Deus quiser vai dar tudo
certo e eu vou parar na minha terra.

Já pensou em ser político?
Eu não quero não. Se fosse para entrar na política, seguiria o exemplo do
Romário, que está fazendo bonito. O povo da minha terra queria que eu
fosse prefeito, mas aí eu não poderia ajudar minha terra do jeito que eu
gostaria de ajudar. Falam para eu então ser vice prefeito, mas aí eu não
poderia fazer nada, porque seria vice. Falam para eu então ser vereador,
mas aí não poderia fazer nada porque aqueles caras não fazem nada.

Se você tivesse esse poder, votaria a favor ou contra o impeachment da presidenta Dilma?
(Risos) Eu votaria para o Brasil dar a volta por cima. Isso que eu quero ver.

COM A PALAVRA:
Pedro Rabello, sociólogo do Mato Grosso do Sul


"A origem em setores distintos da sociedade campo-grandense é uma das
marcas da narrativa sobre a história dos clubes. Enquanto o Comercial
surgiu no seio da classe de comerciantes – muito tradicional na cidade – e mui-
to ligado a um colégio particular, consta que o Operário nasceu de um grupo
de operários sindicalizados da construção civil. Porém, como acontece com muitas agremiações quando conseguem resultados expressivos, os dois
clubes alcançaram torcedores nas mais diversas camadas sociais da cidade. Nas décadas de 1970 e 1980, ambos tiveram certo protagonismo na primeira divisão do futebol brasileiro e experimentaram uma massificação significativa. De lá pra cá, pelo que conheço, existem tanto operarianos na elite quanto comercialinos nas classes populares.

O Operário enfrentou severa crise nos últimos anos, em decorrência de problemas administrativos e financeiros, e foi rebaixado duas vezes no estadual. Em 2010, um grupo de torcedores insatisfeitos com a gestão criou o
Novoperário, que hoje disputa a série A do campeonato sul-matogrossense.
Lembra a história do FC United, criado por ex-torcedores do Manchester
United. O Galo conseguiu retornar para a elite em 2016 e aparentemente es-
tá se reestruturando".

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