Villa e Charlton: Clubes que deram errado nas mãos de seus donos

Colunista do jornal britânico, The Guardian, traz uma reflexão sobre a forma como os proprietários de Aston Villa e Charlton Athletic conduziram seus clubes ao rebaixamento

Randy Lerner - Aston Villa (Foto: AFP)
Randy Lerner , proprietário do Aston Villa, (Foto: AFP)

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"Gore Vidal, roteirista e ativista político dos Estados Unidos, costumava ter uma visão diferenciada sobre as coisas. Era famoso por falar sobre os candidatos norte-americanos à presidência: 'Qualquer americano que se prepara para correr pela presidência deveria automaticamente ser desqualificado para cumprir tal papel', defendia com ironia.

Esse é um ponto que deveria ser igualmente aplicado para qualquer um que queira comprar um clube inglês de futebol. Assumir o alto risco comercial não faz tanto sentido, exceto para os que já fazem parte da elite. Mas, afinal, por que alguém de bom caráter, algum empresário 'não-corrupto' faria isso?

Essa é uma pergunta que parece particularmente dolorosa aos torcedores de Charlton Athletic e Aston Villa, que ainda assistem ao final de temporada deprimente, com o rebaixamento de suas equipes. (Villa para a Segunda Divisão inglesa e Charlton para a Terceira Divisão)  Ambos os clubes, que têm em comum, o modelo de serem geridos por proprietários endinheirados, enfrentam grandes perdas não só dentro de campo.

Entretanto, o fato é que mesmo Randy Lerner,  dono do Aston Villa, próximo de vender o clube, o futebol inglês tem deparado-se com uma série de 'proprietários' que não são bem vistos no país.

No caso de Rolan Duchâtelet, empresário, político, dono de alguns clubes menores em toda a Europa, assim como proprietário do Charlton, a imagem não é diferente. O belga comprou o clube em janeiro de 2014, através da Staprix NV, uma empresa de investimento com interesses relacionados ao futebol, e, em 28 meses, o clube mudou cinco vezes de treinador. Na derrota para o Derby County, jogando em casa, na semana passada, a torcida fez uma série de protestos fora do estádio. O clube já esteve em momento mais caótico, auto-destrutivo?

Mas o que nos traz de volta a Lerner é que acontece a mesma coisa, porém com uma figura mais simpática. Ele acabou nessa pela razão certa. Apoiou seus técnicos, nos primeiros anos, pelo menos. E ainda assim ele continua a ser, sem dúvida, o proprietário menos bem sucedido na história da Premier League. Lerner comprou Villa com seu próprio dinheiro. Em dez anos, o clube lhe custou £ 350m.

Então, aqui estamos: perdas de emprego, folha salarial incompatível, com capitão do clube e jogadores insatisfeitos... Apesar disso, Lerner não é uma má pessoa, mas chegou ao Villa como um garoto rico nascido com uma franquia de esportes em sua boca. Sua falha no clube pode ter sido extremamente prejudicial. Duchâtelet pode, por outro lado, ser visto como um empreendedor super-capitalista bastante perigoso, mas com algumas ideias engraçadas.

No entanto, não há nada na lei inglesa ou na regulação de futebol para barrar qualquer uma dessas pessoas que chegam com a proposta para comprar clubes de futebol e fazem o que bem entendem com eles. Por isso chegamos até aqui. Dois grandes antigos clubes esperando pelos próximos acionistas, jogadores e pelos endinheirados esquisitos".


Barney Ronay, colunista do jornal britânico The Guardian

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