OPINIÃO: Colunistas e editores do L! fazem balanço da Seleção em 2015

Brasil encerrou o ano cheio de dúvidas e pouca evolução para a próxima temporada

Argentina 1 x 1 Brasil (Eliminatórias)
Neymar segue como a principal referência dentro da Seleção (Foto: Andre Mourao/Mowa Press)

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A Seleção Brasileira terminou o ano com goleada e na zona de classificação nas Eliminatórias. No entanto, ainda não convenceu. E o saldo de 2015 é de que ainda há muito para se fazer na tentativa não só se alcançar objetivos futuros, como o prestígio com o torcedor.

O LANCE! ouviu colunistas e editores para saber deles qual o balanço que eles fazem do trabalho de Dunga neste ano e o que pode esperar para 2016, quando o Brasil terá Copa América, Eliminatórias e Olimpíadas.


ROBERTO ASSAF (COLUNISTA DO LANCE!)
A Seleção Brasileira fez 14 jogos em 2015. Venceu 10. E só perdeu dois. Marcou 24 gols e sofreu 10. Se levarmos em conta apenas estes números, o saldo, é claro, parece positivo. Na realidade, porém, a equipe de Dunga só fez uma partida convincente, a primeira delas, quando derrotou a França por 3 a 1, em Paris, em março.

É necessário ressaltar, ainda, que a Seleção, a exemplo do que ocorrera em 2011, foi eliminado pelo Paraguai nos pênaltis, na Copa América, mostrou dificuldade para superar outros adversários frágeis, como Honduras e Costa Rica, em amistosos, Peru e Venezuela no torneio continental, e teve, até agora, trajetória irregular nas Eliminatórias para o Mundial de 2018. E mais: que Neymar, sobrando na turma, andou salvando geral, com seu talento, em várias ocasiões.

O desempenho pouco animador é consequência do estilo prioritariamente defensivo do treinador, da sua dificuldade em lidar com a imprensa, o que gera mais críticas, prejudicando o trabalho, em todos os sentidos, e a sua insistência em aproveitar o pessoal do 7 a 1, da qual só recentemente começa a descartar.
É exagero afirmar que a participação da Seleção foi um desastre completo em 2015, como ocorreu no ano passado, mas infelizmente não é possível tecer-lhe maiores elogios. Ninguém exige a perfeição, nem o futebol dos anos dourados, quando sobravam craques de verdade. Mas a equipe está longe de agradar.

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO (COLUNISTA DO LANCE!)
​A Seleção não teve um bom 2015. Dunga claramente se perdeu no comando do time, a crise política e de credibilidade que afeta a CBF influiu também e os jogadores não tiveram uma boa temporada.

Na Copa América a Seleção tremeu e fez quatro jogos sofríveis. Nas eliminatórias começou mal e apenas diante do fraco Peru mostrou lampejos de bom futebol.

Mesmo Neymar, principal estrela do time, tem perdido a cabeça, vide o que aprontou na Copa América do Chile e agora em Salvador diante dos peruanos. Tem recebido cartões bobos, infantis... E isso tem um peso.

Na zaga Dunga está perdido e tem que testar outras opções que não David Luiz e Thiago Silva, os dois ainda embalados emocionalmente pelos 7 a 1 do ano passado.

De pontos positivos vejo as atuações de Willian e Douglas Costa, que são ótimas esperanças para 2016.

Mas se fosse dar uma nota de zero a dez ficaria no quatro. Há muito a melhor. Muito mais dúvidas do que certezas. Teremos um longo caminho pela frente e novos tropeços nas eliminatórias acontecerão se continuarmos jogando assim. E marcando mal, especialmente no setor defensivo.

CARLOS ALBERTO VIEIRA (EDITOR DO LANCE!)
​Vou aproveitar uma frase de Dunga na coletiva, na qual ele diz que fecha o ano com mais certezas do que dúvidas no time titular da Seleção Brasileira. Se o treinador não falou isso da boca para fora, posso esperar que Alisson, Douglas Costa e Filipe Luís se garantiram e que Daniel Alves, muito mais por causa das lesões da concorrência, aproveitou para sobreviver como o lateral-direito. Como Miranda, Luiz Gustavo, Elias, Neymar e Willian são titularíssimos desde o primeiro semestre eis aí um time titular com mais certezas (nove) do que dúvidas (duas, uma na zaga e outra no ataque).

Se isso ocorreu na cabeça de Dunga, eu vou dizer que o balanço acabou sendo positivo. Pois o que faltou em 2015 foi o treinador dar uma cara ao seu time titular e realmente confiar nela, pois o que se viu na Copa América foi um bom time não fazendo nada. A Seleção Brasileira, se quiser ganhar corpo para os próximos três anos e chegar tinindo na Copa do Mundo - eu tenho quase certeza que a classificação virá, como sempre - tem de ter uma cara, estar entrosada, o torcedor tem de ter o time na ponta da língua e só ocorrer uma ou outra mudança por acidente de percurso.

Várias seleções estão com a base prontinha (Alemanha, Bélgica, etc. E até aqui no nosso quintal, com Chile, Uruguai e Equador). Vamos encontrar a nossa base. E que critiquemos a falta de A ou B (cadê P. Coutinho, por exemplo). Mas o que não pode acontecer é não saber quem é A, B C....

RODRIGO CERQUEIRA (EDITOR DO LANCE!)
Em números, vemos uma Seleção com aproveitamento razoável. Mas fracassou na Copa América, jogou muito mal e perdeu a cabeça, literalmente. E apresentou pouca evolução no início das Eliminatórias. Dunga ainda busca soluções para a equipe, ou pelo menos uma forma de jogar. Já deveria estar com esse processo mais adiantado, porque terá um 2016 difícil pela frente com a Copa América dos EUA e a sequência das Eliminatórias.

FELIPE BOLGUESE (EDITOR E SETORISTA DE SELEÇÃO DO LANCE!)
A formação que entrou contra o Peru parece ser a mais promissora das que já foram testadas por Dunga na temporada. O problema é que o ano acabou, e o próximo jogo pelas Eliinatórias será apenas em março/2016. Ou seja, é uma incógnita como estarão os jogadores da equipe que merecia ter tido uma sequência, ao menos nos últimos quatro jogos.

Dunga deixou para os acréscimos fechar algumas posições abertas. O gol parece ser do jovem Alisson. A direita é de Daniel Alves. A zaga, o meio e o ataque ainda estão indefinidos. A maior dúvida é se aposta será em um centroavante ou em Neymar como falso 9.

Reclamar que a Seleção não tem tempo para treinar e se formar é algo que existe desde sempre e não serve como desculpa. Ser humilde e inteligente é um remédio. Desprender Elias no meio com a tática usada por Tite no Corinthians foi um sinal de que algo de bom aqui no Brasil será copiado. Pode ser assim com Phillipe Coutinho, Douglas Costa (titular!), entre outros.

O ano terminou em dívida, já que a Copa América acabou muito antes do que o esperado. E a bola que também se esperava há muito não se vê, a não ser pelo último jogo, que foi tarde demais para 2015. E que deve ser o ponto de partida para 2016.

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