Do leste europeu, ex-Corinthians conta experiência na Liga Europa

Atleta do Zorya, da Ucrânia, Paulinho descreve emoção de enfrentar Manchester United e Fenerbahçe na competição europeia: 'Parecia videogame'

Paulinho, atacante do Zorya, entrou no segundo tempo da partida diante do Manchester United
 (Foto: Divulgação / site oficial do Zorya)

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Era noite de Europa League e significava mais do que um simples compromisso para o pequeno Zorya, da Ucrânia. Ao contrário do rival Shakhtar Donestsk, já habituado a frequentar torneios europeus, a equipe da cidade de Luhansk, muito próxima à fronteira com a Rússia, fazia seu segundo jogo na competição. Após o empate com o Fenerbahçe, era a hora de pisar pela primeira vez no gramado de Old Trafford, casa do Manchester United.

O Zorya enfrentou os 'Diabos Vermelhos' em 29 de setembro,  pela segunda rodada do Grupo A da Europa League. Na ocasião, Ibrahimovic, pelo lado dos ingleses, marcou o único gol da partida. Apesar do revés, as recordações são as melhores possíveis para o atacante brasileiro Paulinho, ex-Corinthians e Portuguesa.

"A maioria dos jogadores do nosso time nunca imaginou pisar naquele gramado. Nos sentimos dentro de um jogo de videogame, diz Paulinho, atacante do Zorya

- Jogar no Old Trafford é sensacional, um sonho realizado. A maioria dos jogadores do nosso time nunca imaginou pisar naquele gramado. Felizmente, tivemos essa oportunidade. Nos sentimos dentro de um jogo de videogame. Você olhava para o lado e via Ibrahimovic, Pogba, Rooney, José Mourinho na beira do campo...são caras que eu jogo no videogame, mas que pude jogar contra eles na vida real - revelou o atacante ao LANCE!

Paulinho descreve com orgulho o fato de participar de uma Europa League. Após perceber que não teria espaço no Corinthians, de Tite, e mesmo tendo a possibilidade de renovação contratual, o atacante de 23 anos concluiu que ser emprestado para outras equipes não traria benefícios para sua carreira. 

A breve passagem pela Portuguesa, rebaixada à Série D do Brasileiro nesta temporada, comprovou a hipótese levantada pelo jogador, que desde janeiro enfrenta o rigoroso inverno do país do leste europeu.

- Sabia que fazia muito frio na Ucrânia, mas não imaginei que fosse tanto assim. Quando cheguei, peguei 17 abaixo de zero. Foi complicado. Ainda bem que agora está tranquilo - celebrou.

Apesar de não estar em uma competição de elite do futebol mundial, a vida mudou da água para o vinho. Mesmo que sua equipe tenha mudado de sede por conta dos conflitos armados que afetam a região de Luhansk, na Ucrânia, Paulinho espera seguir trabalhando forte para tirar o Zorya da lanterna da competição europeia.

"Precisamos ter muita concentração, um deslize é fatal contra esses times. Estamos trabalhando sério para arrancar pontos e tentar chegar o mais longe possível"

- É o grupo da morte. Tem o Fernebahçe, que é um dos grandes da Turquia e que tem uma torcida fanática, o Feyenoord, que também tem muita tradição na Holanda, e o gigante Manchester United, que não tem nem o que falar. Precisamos ter muita concentração, um deslize é fatal contra esses times. Estamos trabalhando para arrancar pontos e tentar chegar o mais longe possível.

Na Europa League, o Zorya é o lanterna do Grupo A, com apenas um ponto. A equipe de Paulinho volta a campo no próximo dia 20, diante do Feyenoord, às 17h05 (de Brasília), no Estádio De Kuip, em Roterdã. Na sequência, terá novo confronto contra os holandeses, e ainda fechará a primeira fase da competição diante de Fernebahçe e Manchester United, na Turquia e na Ucrânia, respectivamente.

Contra os 'Diabos Vermelhos', no entanto, será mais uma oportunidade de rever os ídolos e, quem sabe, superá-los.

BATE BOLA COM PAULINHO:

Como foi a decisão de ir para o futebol da Ucrânia?

- O meu contrato com o Corinthians terminou em dezembro do ano passado e eles queriam renovar por mais um ano, mas eu percebi, junto com meus empresário e com a minha família, que eles iam querer renovar para continuar me emprestando. Não iam querer me utilizar no time, então decidi sair. Vim para a Ucrânia e assinei contrato de dois anos.

Como tem sido sua adaptação ao país?
- Temos um massagista que é ucraniano, mas ele fala direitinho o português e ajuda muito, traduz tudo, sai com a gente na cidade, vai ao banco, ao mercado, o que facilitou muito para minha adaptação. É um cara que se não tivesse aqui, seria bem complicado. Mas digo que estou 100% adaptado ao país.

E os conflitos que afetam o país desde 2014? Procurou saber sobre os motivos da guerra, fala com alguém do clube sobre isso?
​- Em relação à guerra, tem duas cidades que estão afetadas, que é Luhansk, cidade do meu time, e Donetsk, cidade do Shakhtar Por isso, o Shakhtar está em Kiev e nós estamos em Zaporizhya, a 400km da sede. Aqui está tranquilo, ninguém do clube fala sobre a guerra.

Como analisa o jogo diante do Manchester United?
- Tomamos um gol bobo. O Ibrahimovic estava bem posicionado e conseguiu dar a cabeçada, marcando o gol. Eu não vejo tanta diferença, como todo mundo dizia que seria goleada. Acho que o futebol hoje já não tem mais essa diferença toda entre um clube grande e um clube pequeno. A gente mostrou isso, tivemos umas três chances no contra-ataque, infelizmente, não conseguimos o gol.

Qual o maior aprendizado até o momento?
- Cada dia é algo novo dentro e fora de campo. Essa experiência é muito boa. Temos um campeonato muito organizado, a torcida e os clubes também, estou disputando uma Liga Europa, que era um sonho. Tem sido uma experiência muito bacana, acho que aprendizado estou adquirindo todos os dias.

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