Laterais ofensivos, variações táticas e Ibañez: o lado bom da estreia do Flu
Equipe de Abel Braga iniciou temporada contra o PSV, na Florida Cup e, mesmo em ritmo de treino, foi possível observar novidades no esquema. Garoto de 19 anos vira curinga
O Fluminense iniciou a temporada na noite desta sexta-feira com derrota nos pênaltis para o PSV. Mas o resultado não importa. Em ritmo de treino, a estreia na Florida Cup serviu para Abel Braga testar mudanças na equipe, prometidas desde dezembro. Algumas delas foram significativas e devem ser utilizadas ao longo da temporada. O LANCE! detalha as novas propostas do treinador e o que o Fluminense pode levar de bom do primeiro jogo do ano:
- Para o primeiro jogo, foi muito bom. Acima do que eu esperava. Depois da reação, a equipe mostrou um detalhe importante, de ser competitiva. Aconteceram falhas, óbvio, mas vamos melhorar - afirma Abel.
A principal mudança é no esquema tático. O 4-3-3 usado durante todo 2017, a princípio, cai. Abel Braga treina desde o primeiro dia de pré-temporada um esquema com três zagueiros, no 3-5-2. Na defesa, o time se porta com uma linha de três no meio (formada ontem por Douglas, Richard e Sornoza) e outra linha com cinco defensores atrás (além dos zagueiros, os laterais recompõem).
Posicionamento defensivo do Fluminense fica claro: primeira linha com cinco defensores e segunda com três. Henrique Dourado e Marcos Júnior isolados para um contra-ataque #lanceFLU pic.twitter.com/XQ1GUC2YWq
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 13 de janeiro de 2018
O novo esquema pode parecer uma retranca, em que Marcos Júnior e Dourado ficam isolados na frente. Mas a intenção é sair em velocidade e chegar com mais jogadores perto da área. Os laterais Gilberto e Marlon, com características ofensivas, encaixam no estilo de jogo. No único bom momento da equipe no primeiro tempo, ambos chegaram ao ataque ao lado do camisa 9.
Primeiro bom ataque mostra a nova proposta: laterais ofensivos. Jogada começou com Gilberto na direita da defesa e terminou com Marlon na ponta esquerda. Dois laterais na área com Ceifador. Douglas e Marcos Júnior também se apresentam #lanceFLU pic.twitter.com/Id5Os3qkGu
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 13 de janeiro de 2018
O problema é que, se a transição defesa-ataque não for em velocidade, o time fica estagnado. Com três zagueiros pouco habilidosos na saída de bola, a ligação ao ataque não flui. Em algumas oportunidades, Gum apelou pro lançamento longo - sem sucesso. Como Richard também não tem grande qualidade no passe, o jogo só irá fluir pelas laterais ou se Douglas e Sornoza buscarem a bola no campo de defesa.
Problema de ter três zagueiros é quando nenhum deles tem facilidade na saída de bola. Rodou entre Reginaldo, Chaves até chegar a Gum. Se Douglas ou Sornoza não aparecerem, time não sai #lanceFLU pic.twitter.com/jdtkPkgYlU
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 13 de janeiro de 2018
Por isso, a grande novidade: se o 3-5-2 não der certo, Abel já testa o 4-1-4-1. Na última temporada, o Fluminense não possuía variações táticas para aplicar durante os jogos. Neste ano, o treinador tem uma carta na manga: Ibañez, de 19 anos. O garoto da base de Xerém, que atua como zagueiro e volante, tem características únicas no elenco. Além do desarme e bom porte físico, mostra intimidade com a bola no pé, variando passes curtos e longos. Pode ser o que falta ao esquema com três zagueiros, ou virar cabeça de área com duas linhas de quatro.
Como bem observado pelo @_occhiuzzi, primeira variação de Abel. Do 3-5-2 pro 4-1-4-1, com Ibañez na cabeça de área. Veremos se funciona. Certo é que o garoto ganhará espaço em 2018 #lanceFLU pic.twitter.com/ZlKPite8fs
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 13 de janeiro de 2018
Mesmo sem jogar bem, o gol no minuto final pode dar esperanças ao torcedor. Não pelo resultado, mas pela construção da jogada. O próprio Ibañez, como primeiro volante, tabelou com Jadson, que mostrou ter categoria na saída de bola, e recebeu na frente. Depois, fez triangulação com Romarinho e escapou livre como elemento surpresa até achar Robinho pela esquerda. O atacante fez o que se espera desde a contratação, drible curto e finalização certeira. Golaço.
Golaço de Robinho, na característica que demorou a mostrar: drible e finalização. Detalhe pra participação de Ibañez, que tabelou com Jadson, se apresentou, tabelou com Romarinho e escapou sozinho pra achar o atacante. Boas triangulações no fim e belo chute #lanceFLU pic.twitter.com/2wKZR9vMZV
— João Mércio Gomes (@joaomercio) 13 de janeiro de 2018
- Quando coloquei o Ibañez, tornei a equipe a mais ofensiva com ele no meio. Adiantei o Jádson também. Isso são planos, afinal, não se pode ter uma única forma de jogar. Queria há um tempo fazer uma experiencia com o Ibañez na posição de volante. Me surpreendeu de maneira positiva. É assim que você vai formando. O Jádson parece estar muito bem adaptado. - explica o treinador.
Outras observações:
- Gilberto, que foi bem ofensivamente, mostrou que tem deficiências na marcação. Levou lindo drible de Lammers, que deixou o lateral no chão antes de marcar um golaço para o PSV.
- Jadson pode ser útil no esquema nos dois esquemas, tanto como primeiro volante quanto como segundo. Tem bom posicionamento e qualidade na saída de bola.
- Uma linha defensiva com Gum, Renato Chaves e Reginaldo engessará o time ofensivamente. E na defesa, ainda levaram sustos. É verdade que o primeiro jogo da temporada é marcado pelo desentrosamento.
- Matheus Alessandro é opção forte para o esquema 4-1-4-1, como meia-atacante pelos lados. Tem velocidade e parte pra cima. Porém, no 3-5-2, não parece ter características para ser útil, como criatividade e passe curto.