Velejando para o pódio na classe 470 feminina

Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan convivem com o favoritismo na briga por medalha olímpica no Rio de Janeiro

Fernanda Oliveira e Ana Barbachan na Copa do Mundo de Hyeres
Ana Barbachan e Fernanda Oliveira tiveram um primeiro semestre impecável neste ano (Foto: Reprodução/Facebook)

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Em 2008, quando Fernanda Oliveira conquistou, ao lado de Isabel Swan, o bronze em Pequim, Ana Luiza Barbachan ainda velejava por diversão em Porto Alegre. Quatro anos depois, as duas, que fazem parte da Equipe Furnas, brigaram por medalha até a última regata, mas terminaram na sexta colocação em Londres. Mais um ciclo olímpico e a dupla chega para os Jogos do Rio de Janeiro cotada entre as favoritas na classe 470 feminina, após um começo de ano arrasador, em que subiram ao pódio em seis das sete competições que disputaram.

Encerrada a fase de competições internacionais, as duas, com sensação de dever cumprido, estão na reta final de preparação para os Jogos do Rio com treinos na raia olímpica até julho. E esperam manter a vela como um dos esportes mais vitoriosos do Brasil em termos de medalhas olímpicas, com 17 no total, atrás apenas do vôlei (20), incluindo-se praia, e do judô (19). O tal favoritismo atribuído à dupla não chega a preocupar.

- Era isso o que nós queríamos: estar aqui, vivendo o que estamos vivendo. Se vamos ganhar medalha ou não, é do esporte. Temos de desfrutar destes momentos e que este favoritismo nos dê ainda mais força. Tomara que dê tudo certo – opina Fernanda, que, aos 35 anos, já é considerada uma veterana em Jogos Olímpicos.

No Rio de Janeiro será a quinta participação dela na competição mais importante do esporte mundial. E, pela primeira vez, repetirá a parceira, após velejar com Maria Krahe, em 2000, Adriana Kostiw, em 2004, e Isabel Swan, em 2008. Ao lado de Ana Barbachan, a sintonia é um dos fatores que dão confiança.

- Temos facilidade de comunicação e estamos muito felizes juntas. Já sabemos como cada uma funciona e uma ajuda a outra – disse Fernanda, sendo completada pela companheira:

- É uma parceria vitoriosa. Tive muita sorte por ter entrado numa equipe pronta, organizada. Evoluímos muito em quatro anos e chegamos melhor nesta Olimpíada do que na última.

A opinião de Ana, que completará 27 anos durante os Jogos Olímpicos, é amparada pelos bons resultados neste ano. Em janeiro, em Miami, a dupla foi bronze na etapa da Copa do Mundo e ouro no Norte-Americano. Em fevereiro, elas foram campeãs sul-americanas na Argentina e terminaram na quarta colocação no Mundial. Em abril, a dupla conquistou a prata no Trofeo Princesa Sofia e o bronze no Europeu, ambos na Espanha. No começo deste mês, na última competição antes dos Jogos Olímpicos, outra prata na etapa de Hyères da Copa do Mundo. Conscientes, Fernanda e Ana sabem que o resultado mais importante ainda está por vir.

- Os resultados foram significativos, mas sabemos das dificuldades. Quem errar menos na semana de competição vai se sobressair. Sabemos que podemos fazer um bom evento e não ganhar medalha. As adversárias são de alto nível – afirmou Fernanda.

Os barcos de Inglaterra, Nova Zelândia, Áustria, França, Estados Unidos e Japão serão as maiores ameaças para as brasileiras. Todas as duplas vêm treinando na raia olímpica, no Rio de Janeiro, e se conhecem bem. Durante este período em águas cariocas, têm ocorridos regatas-treino, organizadas pelos treinadores. É uma ótima oportunidade para que os participantes se acostumem com as condições do mar, do vento e até da poluição que atinge a Baía de Guanabara.

Para a dupla brasileira, competir no próprio país pode fazer a diferença em relação aos adversários.

- É grande a expectativa. Não tenho a dimensão de quão grande vai ser a Olimpíada aqui. Será um sentimento particular brigar por medalha em casa. Temos a vantagem da torcida, de ter a família por perto – acredita Ana.

Que ao fim dos Jogos Olímpicos, o que começou como diversão para as duas, seja o maior motivo de orgulho para milhões de brasileiros.

Amizade pode render mais uma Olimpíada
Durante o período de treinos no Rio de Janeiro, Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan têm encontrado tempo para visitar o Rio Grande do Sul nas folgas. O fato de serem gaúchas sempre foi um facilitador para elas, desde que começaram a treinar juntas, após os Jogos Olímpicos de Pequim. Hoje, quase oito anos depois, as duas já se falam pelo olhar.

- Precisamos de harmonia para suportar a pressão das competições. Nossas famílias são amigas. Meu marido é amigo do namorado dela. Minha filha, Roberta, de dois anos, sempre que pode, está comigo. Temos uma relação legal – afirma Fernanda.

- Em 2008, demos as primeiras velejadas juntas e em 2009 a parceria foi confirmada. Acompanhei a Fernanda velejando com a Isabel (Swan) e demorou para a ficha cair. Para mim, era um sonho distante competir. Morar no mesmo local facilitou muito a nossa convivência – disse Ana.

O entrosamento entre as duas é tão grande que elas já cogitam repetir a parceria por mais uma Olimpíada, daqui a quatro anos, em Tóquio, desde que, segundo elas, mantenham o desempenho de ponta.

Para Fernanda, os Jogos no Rio podem ajudar o trabalho de renovação na vela:

- Temos de aproveitar este momento para despertar o sonho olímpico na meninada e colher frutos daqui a alguns anos, com novos talentos.

Enquanto os Jogos Olímpicos não começam, no dia 2 de junho, Fernanda e Ana visitarão pela primeira vez uma usina de Furnas, em Ivaiporã, no Paraná. Elas, que já participaram de ações na sede da empresa, no Rio de Janeiro, elogiaram o apoio que recebem.

- É algo fundamental, que dá tranquilidade na parte financeira. Furnas se envolve muito com o dia a dia dos atletas e usa o esporte como ferramenta de inclusão social, algo que é um diferencial no Brasil – destaca Fernanda.

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