Pressão em dose dupla para Arthur Zanetti

Ginasta admite que cobranças do público e dele próprio são um incentivo a mais para ganhar o bi olímpico nas argolas no Rio de Janeiro

Arthur Zanetti
Arthur Zanetti é o único nome da ginástica brasileira já confirmado nos Jogos Olímpicos (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

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Por onde quer que vá pelo Brasil, Arthur Zanetti é reconhecido. Tira fotos, dá autógrafos, ouve elogios, palavras de apoio e, invariavelmente, um pedido com cara de cobrança: ganhar o ouro nas argolas nos Jogos Rio 2016. Nada disto seria possível se ele, que faz parte da Equipe Furnas, não tivesse entrado para a história da ginástica artística do país ao se tornar campeão olímpico em 2012, em Londres (ING), e mundial em 2013, na Antuérpia (BEL).

Com a fama e os grandes resultados, veio também a pressão. Do público e, sobretudo, dele próprio. O favoritismo, como em todos os esportes, não é garantia de êxito. Por este motivo, Zanetti, a menos de 60 dias dos Jogos Olímpicos, não esmorece na preparação. Sob o comando de Marcos Goto, técnico com quem trabalha desde os nove anos, ele treina seis vezes por semana - sete horas por dia, dependendo da fase de preparação - em dois períodos na SERC/Agith, clube que o revelou em São Caetano do Sul (SP). Tudo para chegar ao auge em agosto.

- A pressão é maior porque fui campeão em Londres, mas se manter no topo é mais difícil do que chegar. A cobrança é maior das pessoas, mas também é minha. Hoje posso falar que eu treino ainda mais. O que posso prometer é dar o meu melhor. Faço o meu máximo em cada treino. Espero que eu consiga buscar uma medalha – disse o ginasta, de 26 anos.

Arthur Zanetti é, por enquanto, o único já garantido pela comissão técnica da Seleção Brasileira nos Jogos do Rio. Os outros nove nomes – mais quatro no masculino e cinco no feminino – serão anunciados em julho. Ele prefere não opinar em relação aos escolhidos, pensando, talvez, na equipe, algo que fez no ano passado, quando abriu mão de focar somente em sua especialidade em busca da até então inédita vaga olímpica do time masculino. Com isto, passou meses treinando no Rio de Janeiro com a Seleção e se apresentou também no solo e no salto. Ajudou a equipe a se classificar, mas acabou ficando fora até da final das argolas no Mundial de Glasgow, na Escócia. Passado o momento da conquista em grupo e do sacrifício, voltou para São Caetano, repetindo a receita de sucesso em Londres. Nada muito diferente será feito além de ajustes pontuais na série.

Até por conta disto, ainda não está certa a participação de Zanetti na etapa de Anadia (POR) da Copa do Mundo, entre 23 e 26 deste mês. A decisão será tomada por Marcos Goto nos próximos dias.

- Para mim, é indiferente. O que o meu técnico definir é o que eu faço dentro do nosso planejamento de competições, em que os Jogos Olímpicos são o evento mais importante – afirmou o ginasta, que prefere não citar os nomes dos principais adversários na briga pelo ouro. - Acho que todos os que estiverem na final podem chegar. Eu quero passar à final, estar entre eles e brigar pelo pódio.

Um dos rivais a serem batidos é o grego Eleftherios Petrounias, atual campeão mundial. Em abril, durante o evento-teste da ginástica, no Rio, Zanetti levou a melhor, somando 15.866, contra 15.833 do adversário. Nota que fica entre os 15.900 de Londres e os 15.800 da Antuérpia feitos pelo brasileiro e serve de termômetro para a briga por medalha.

Zanetti, ao que tudo indica, ainda vai tirar muita foto e dar muito autógrafo após os Jogos no Rio de Janeiro. Pressão, novamente, só em 2020, em Tóquio.

Educação Física para o futuro e elogio a Furnas
Quando começou a praticar ginástica artística aos sete anos, seguindo o conselho de um professor de educação física do Colégio Metodista, onde estudou entre 1995 e 2002, Arthur Zanetti não imaginava que seria atleta. Queria mesmo é jogar futebol, mas o porte físico diferente em relação aos outros garotos, mais baixo, mas ágil e com o tronco forte, o levou àquela que seria a profissão dele. Formado em Educação Física, pela Universidade de São Caetano do Sul, o ginasta atualmente faz bacharelado para - quem sabe no futuro? - poder atuar como treinador. Enquanto não chega a hora de pensar em aposentadoria, ele elogia a iniciativa de Furnas, um dos patrocinadores dele.

- São os recursos que recebemos que dão a tranquilidade que precisamos para manter uma dedicação exclusiva aos treinos e às competições. Quero agradecer a Furnas por ser uma empresa que acredita e investe no desenvolvimento do Brasil pelo esporte. Acho muito importante para o Brasil os projetos sociais e educacionais que Furnas desenvolve. É uma empresa que contribui para termos uma sociedade melhor quando opta por investir nos esportes, nos projetos educacionais e sociais – finaliza Zanetti, que já participou de diversos eventos na empresa.

BATE-BOLA
1 – Qual a expectativa por disputar os Jogos Olímpicos no Brasil? É especial por ser em casa?
Arthur Zanetti - É a primeira Olimpíada na América do Sul e no Brasil. Sim, é especial. Vamos tentar acompanhar e curtir. Conto com a torcida dos brasileiros para mim, para os atletas da ginástica artística e todos os atletas do Brasil.

2 – Como é fazer parte de um grupo que está escrevendo a história da ginástica no Brasil?
Arthur Zanetti – Somos mais conhecidos e é bem legal fazer parte deste grupo. Sou reconhecido na rua, as pessoas param, falam comigo, pedem fotos. Tem mais pedidos da imprensa. Precisei me organizar melhor, contar com a ajuda de mais profissionais. O ginásio, aos poucos, também ganhou mais equipamentos e a ginástica, mais apoio depois da minha medalha. Isto foi bom, eu pude contribuir.

3 – Teremos Arthur Zanetti em mais um ciclo olímpico para 2020?
Arthur Zanetti – Ainda não pensei nisso. O foco é total no que vamos fazer no Rio, em agosto.



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