Na reserva, Cristian diz que aprendeu a ficar calado após levar ‘porradas’

Sem espaço no Corinthians, volante fala ao LANCE! sobre vontade de jogar e diz estar mais maduro. Sete anos após comemoração polêmica, ele afirma que não se arrepende

Cristian fez quatro partidas neste ano, apenas uma oficial (Foto: Daniel Augusto Jr)
Cristian fez quatro partidas neste ano, apenas uma oficial (Foto: Daniel Augusto Jr)

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Sete anos se passaram desde a polêmica comemoração de Cristian ao marcar o gol da vitória do Corinthians sobre o rival São Paulo, na semifinal do Paulistão de 2009. Dos dedos médios mostrados para a torcida rival em 12 de abril daquele ano até hoje, muita coisa mudou na vida do volante, inclusive seu status no clube. Hoje reserva, ele fez quatro partidas nesta temporada e atuou por 18 minutos em jogos oficiais em 2016.

Aos 32 anos, o jogador se diz mais maduro e menos explosivo, a ponto de não contestar nos vestiários ou publicamente a reserva. Mas nem por isso esconde o desejo de ser mais aproveitado. Questionado pelo LANCE! sobre os sonhos que ainda tem na carreira, ele fez uma breve pausa, pensou por alguns segundos e então declarou:

– Já realizei todos sonhos que tinha antes de ser jogador... (pausa). Nem sei se é sonho, mas é uma vontade minha e do meu filho: quero continuar no Corinthians, jogar, é uma vontade minha e da minha família! 

Cristian afirma que não se arrepende da polêmica comemoração de sete anos atrás e diz que neste período aprendeu a ficar calado. Segundo ele, a evolução veio graças a “porradas” que levou de “todos os lados”.

Algumas das porradas que o volante leva são por ele ter um dos maiores salários do elenco e pouco ser aproveitado. Ano passado, que marcou a volta dele ao Timão, o atleta sofreu com lesões e não conseguiu ter uma sequência. Já nesta temporada, chegou a ficar fora da primeira lista de inscritos do Paulista.

– É uma opção do treinador. Tenho de ficar quieto e trabalhar – diz Cristian, que tem contrato até 2017.

Confira abaixo a entrevista com o volante:

Você se arrepende daquela comemoração de sete anos atrás?
Não me arrependo. Não sei se faria de novo, mas não me arrependo. Na época era muito novo, as coisas aconteceram no calor do jogo e tudo mais... Com a idade que eu tenho não sei se faria isso, tenho filho, filha...

Foi algo pensado antes?

Não foi nada pensado, tudo natural, aconteceu, era um jogo difícil, eu nem imaginava que iria fazer gol, a gente tinha criado várias oportunidades para sair com a vitória, o jogo foi passando, caminhando para o fim, e acabei acertando um chute e a comemoração saiu. Foi natural. A semana anterior também foi muito difícil, meu filho estava hospitalizado.

Corinthians x São Paulo 2009 -  Cristian comemora Gol (foto:Reginaldo Castro/LANCE!Press)
A polêmica comemoração (Foto:Reginaldo Castro/LANCE!Press)

Hoje você se vê como mais experiente?
Eu estou mais maduro para o futebol. Nossa carreira é sofrida, muita gente acha que é só coisas boas, mas não, você sofre muito, não fica com a família e os filhos, toma porrada de todos os lados. Com o tempo a gente vai conseguindo se blindar mais. Aprendi muita coisa com o futebol, inclusive ficar mais calado, né? Sou um cara muito explosivo, mas as poucos você vai aprendendo a se conter mais, escutar e trabalhar quieto.

Há sete anos você estaria reclamando de ser reserva, é isso?
Não... Nem me refiro ao fato de jogar ou não, essa é uma opção do treinador, a gente tem que respeitar e seguir trabalhando. Nunca fui de dar entrevista falando sobre jogar ou não. Nem quando estava jogando eu dava entrevista, não vou mudar agora.

Então o que quer dizer com ‘aprender a ficar calado’?
Eu sou muito estourado, até hoje sou, tento me policiar mais, ficar mais calado, não falar muito. Fico mais no meu canto. Se fosse há anos atrás eu poderia estar falando alguma coisa, mas hoje, com a cabeça mais tranquila, penso antes de dizer algo.

Por que voltou ao Corinthians?
Vivi coisas maravilhosas aqui, com pessoas incríveis, tenho carinho grande pelo Corinthians, respeito pela torcida. E tinha dado minha palavra. Meu filho também me cobrava muito. Ele me viu seis anos jogando na Turquia, só via jogos e gols pelo Youtube. Um dos motivos para eu voltar foi esse, meu filho.

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