Renato Augusto se despede do Corinthians e pede desculpas à Fiel

Meia foi ao CT Joaquim Grava nesta quarta-feira para conceder entrevista coletiva. Ele revelou que conversou com Ralf, que também deve ir para o Beijing Guoan, da China

Renato Augusto fala no CT
Renato Augusto fala no CT

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Renato Augusto se despediu do Corinthians nesta quarta-feira. Em entrevista coletiva no CT Joaquim Grava, o jogador confirmou o acerto com o Beijing Guoan, da China, e justificou a saída dizendo que a proposta foi irrecusável. O clube chinês ofereceu um salário de cerca de R$ 2 milhões por mês e pagou a multa rescisória de 8 milhões de euros (cerca de R$ 34,5 milhões) - deste valor, o Timão tem direito a 50%, o Bayer Leverkusen a 40% e o Flamengo, clube formador.

- Eu não escolhi a China. A China me escolheu. Minha ideia inicial não era essa. Jogador tem dez anos para ganhar dinheiro. Chega uma proposta dessa, para pensar nos seus filhos e talvez nos netos, vai balançar. Principalmente um jogador com meu histórico. Posso começar ano e ter lesão. Aí falaria que era melhor ter ido. Torcedor age na emoção. Muitos xingam, mas muitos agradecem - afirmou Renato Augusto.

- Minha ideia era ficar. Eu tinha uma proposta muito boa da Alemanha, de três vezes mais do que eu ganharia aqui. O Tite pesou naquele momento. Mas depois chegou uma proposta irrecusável. Até comentei com amigos: "prefiro que nem chegue". Mas chegou. Preciso pensar na minha família. Estou tendo uma possibilidade ímpar, é uma cidade boa, para a família seria bom... Conversei com todos, eles entenderam e foram a favor. Chegou uma hora que não tinha como dizer não - acrescentou o jogador, referindo-se à proposta do Shalke 04, da Alemanha.

Eleito o craque do Campeonato Brasileiro de 2015, na conquista do hexa do Timão, Renato Augusto agradeceu ao clube e demonstrou carinho com a torcida. Ele pediu desculpas à Fiel por não continuar o trabalho no clube e disse que está sofrendo com a transferência.

- Ao torcedor peço desculpa por não dar sequência ao trabalho, foi uma situação única na minha carreira, nunca pensei em receber uma proposta assim. Talvez esteja sofrendo tanto quanto o torcedor, pois vi que o trabalho poderia dar até frutos maiores. Sabemos como é no futebol, tudo pode mudar. Há seis meses vocês estavam falando mal da gente e seis meses depois fomos campeões brasileiros. Tem que aproveitar o momento em que se está bem. E agradecer a torcida. No tempo que estive aqui foi um aprendizado muito grande com o torcedor que apoiou a equipe, só tenho a agradecer - disse.

Renato Augusto também confirmou que Ralf pode ser seu futuro companheiro no Beijing Guoan. O volante recebeu uma proposta salarial três vezes maior do que ganha atualmente no Timão e deve concretizar a saída nos próximos dias.

- Ouvi dizer isso agora também, conversei com o Ralf rapidamente, ele me falou que estava em negociação. Não sei se fechou, mas está tendo um contato do mesmo time - revelou o meia.

Confira a entrevista coletiva de Renato Augusto:

Conversou com Tite?
Tite disse que entende. Primeiro, eu comecei falando. Tinha de agradecer a ele por ter tido um ano tão bom. Quis agradecer por ter me tornado um jogador e um homem melhor. Depois, ele começou falar que sentia pena, mas que infelizmente uma proposta como essa não tem como dizer não. Tite disse que não poderia dizer para eu não ir. Ele disse que entende o meu lado e que, se fosse o caso dele, também seria difícil não ir.

Chegou a pensar que poderia perder espaço na Seleção Brasileira?
Tudo isso eu pesei, foi uma decisão difícil, tem que tomar a decisão de forma rápida, pois tem poucos dias para dar a resposta. Eu vou me preparar para caso tenha oportunidade (na Seleção) estar bem. É um risco que corro, mas espero estar bem. Por acaso, encontrei com o Gilmar Rinaldi (coordenador de Seleções da CBF) ontem (terça-feira) no Rio de Janeiro, porque ele estava em um restaurante do lado da minha casa. Ele me falou isso, de estar bem fisicamente. Vou procurar trabalhar e responder em alto nível.

Acha que será difícil o Corinthians achar um substituto?
Não existe jogador insubstituível, eu também não sou. Da mesma forma que achavam que a gente não seria campeão pelas saídas do Paolo Guerrero, Emerson Sheik, Fábio Santos... Pela força da camisa e da torcida, o Corinthians tem chances de ser campeão (da Libertadores).

Foi seu melhor momento na carreira?
Nesses seis meses talvez tenha atingido meu ápice físico, técnico e tático. Juntamente com o momento que voltei de lesão e fiz gol contra o São Paulo. Pior momento é sempre de lesão, me machuquei no jogo contra o Guaraní e no jogo contra o Boca que a gente tinha tudo para ganhar e eu me senti mal por não estar ali.

O que mais vai deixar saudades?
Tudo, desde os roupeiros ao presidente. O CT, estádio, torcedor... Tudo fará falta. Quando você passa por um lugar em que é querido e tem momentos especiais, tudo faz falta. Mesmo de longe vou torcer, em contato com meus amigos daqui, dando força.

Acha que terá muitas dificuldades na China?
A gente conversa bastante, vou levar feijão escondido na mala (risos). Mas realmente só conhece as dificuldades quando está lá. Não vai ser fácil. Hoje vivo um momento diferente. Fui para a Alemanha com 20 anos, solteiro, queria curtir a vida. Hoje, as coisas mudaram um pouco, tenho 27 anos e sou casado. Pela estrutura familiar, creio que posso dar certo lá.

E o idioma?
Quero aprender rápido a parte do campo para me comunicar. Mas o futebol é uma língua universal. Quando você faz o trabalho bem, todo mundo se entende.

Torce pela ida de mais jogadores brasileiros para o futebol chinês?
É difícil, mas daqui a pouco é capaz que cada vez mais jogadores apareçam lá. Ficaria feliz se o Ralf fosse para o mesmo time que eu, pois é um amigo. Claro que se ele for fará falta aqui. Cabe a ele ver o que é melhor. Junto com o representante dele, saberá escolher.

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