Perto do título, Carille ‘veta’ Cássio e explica como contrariou a mãe para assumir o Corinthians

Um dia antes de poder sagrar-se campeão brasileiro, técnico conta história e a preparação para o momento decisivo. Ele confirma garoto Caíque França como titular contra o Flu

Fábio Carille em entrevista coletiva nesta terça-feira
(Foto: Marco Galvão/Fotoarena/Lancepress!)

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Em seu primeiro ano de carreira como treinador, Fábio Carille se prepara para a conquista do primeiro título brasileiro. Basta apenas que o Corinthians vença o Fluminense nesta quarta-feira na Arena, às 21h45. Isso, no entanto, não seria possível se ele tivesse ouvido naquela que talvez tenha sido a decisão mais importante de sua vida. Nesta terça-feira, véspera da partida decisiva, Carille contou, de forma bem humorada, como teve de contrariar a própria mãe para assumir a missão de comandar o Timão. Ele se refere ao telefonema que recebeu no dia 21 de dezembro do ano passado, um dia antes de ser anunciado como técnico.

- A grande inspiração para mim sempre foi meu pai. Ele vai está aqui amanhã também. Sai uma van de lá (de Sertãozinho, cidade natal), não achem que a cidade vai estar vazia, não. São 120 mil habitantes, virão 14. Tenho falado pouco com eles, porque eles me deixam muito nervosos, mais que vocês. Mais uma historinha. No dia 21 quando o Corinthians me ligou, eu falei: "Acho que vou ser convidado para ser técnico do Corinthians". Aí meu pai falou: "Sério, vai.." E minha mãe: "Mas você não está tão feliz como auxiliar? Para que vai pegar isso?"(Risos). Então ainda bem que não a ouvi, mas eu a amo - afirmou o treinador, após treinamento no CT Joaquim Grava.

O técnico se disse tranquilo para o momento mais importante do campeonato. Afirmou que a ansiedade é normal, mas que a situação no campeonato, dez pontos na frente do vice-líder Grêmio, o tranquiliza e alivia a pressão. Ele ainda contou que assistirá jogos e videos do Flu antes da partida, como ritual de preparação.

Sobre o jogo, descartou a presença de Cássio. O goleiro está com a Seleção Brasileira, que disputa amistoso em Londres nesta terça-feira, e deve retornar ao Brasil nesta quarta. Carille, no entanto, disse que a viagem será muito desgastante e confirmou Caíque França como goleiro titular - o reserva Walter passou por cirurgia nesta terça--feira.

- Poder ouvir até posso (possível pedido de Cássio para jogar), com duas orelhas desse tamanho  que tenho... Mas está fora do jogo. Viagem desgastante, pode se machucar num jogo. É arriscado. Se fosse um jogo final... Mas é outra coisa, por isso conversamos ali, e ele está sabendo - declarou o comandante, deixando aberta possibilidade de o goleiro da Seleção ficar no banco na Arena:

- Chance tem todas, mas vai depender do jogo. Tenho um grupo desgastado, e goleiro é o que desgasta menos. Depende. A possibilidade existe - disse.

Carille confirmou que o time será o mesmo que bateu o Avaí, com as ressalvas do retorno de Jô no lugar de Kazim e da entrada de Pedro Henrique no lugar de Balbuena, que cumprirá suspensão. O time então jogará com Caíque França, Fagner, Pedro Henrique, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel, Camacho, Romero, Rodriguinho e Clayson; Jô. Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Carille, a última antes do jogo contra o Fluminense, que pode decretar o título brasileiro do Timão:

Como está se sentindo?
Estou muito tranquilo, não mudamos nada até agora. Estou passando a importância e seriedade de fazer um jogo importante, buscar mais uma vitória. E claro saber que uma vitória pode nos dar o título. Falar que era esperado, não era, pelo que começamos o ano, mas depois que foi desenrolando. E não é de se atirar, não estamos nessa situação, como tomar 1 gol na final do Paulista e ter de se atirar. Não estamos nessa condição. 

Taça não ir para  a Arena

Estou pensando muito no jogo, sabendo que pode ser campeão amanhã. Se não entregar a taça amanhã, vai ter festa do mesmo jeito, e a gente faz outra contra o Atlético-PR. Li algumas coisas, mas não me incomoda, estamos focados em conquistar o título.

Reação em momento decisivo
Essa virada nossa na parte final do campeonato porque mostra personalidade de uma equipe. Sabemos que tem de ter personalidade para vestir uma camisa assim. Não fomos bem no segundo turno, mas mantemos dez pontos, então as outras equipes não estiveram qualificadas em outros momentos do campeonato. Isso me deixa feliz, jogos complicados, como contra o Palmeiras do Alberto, e mantivemos o bom jogo. Isso me deixa feliz. 

Quem será o capitão?
O capitão já está definido para amanhã, é o Fagner. Normalmente decido um dia antes, já tinha falado, tenho feito isso. Não pensei em levantar a taça, porque não está definido ainda. O jogo da Ponte foi diferente porque fizemos 3 a 0 antes. Agora tinha uma sequência, e vai ser o Fagner. 

Análise de Jô
Jô, quando foi anunciado, tive cuidado de perguntar de todos os jogadores. Infelizmente, liguei em Porto Alegre e Belo Horizonte para perguntar do Jô e quase desisto de ser técnico do Corinthians ali. Mas nos últimos três anos ele mudou, deve muito ao Caio Júnior. E quando a gente foi para a Flórida, e vi ele daquele jeito, diferente... Desconfiar de mim, que cheguei agora, natural. Mas desconfiar de quem foi de Copa do Mundo, do Manchester City, acho um pouco demais. Ele também me ajuda demais Pra mim é o melhor 9 do ano. Não é o artilheiro ainda.

Responsável pelo título?
Não me vejo como responsável. Quero parabenizar o grupo de jogadores, que eu passo tudo e eles me escutam. Eu falo, eles executam. No campo. Você determinar, você passa, mas na hora do jogo a bola está no pé do Zé, do Flávio. O modo como vamos jogar é ideia minha, passo em vídeo, no campo, mas o mérito é deles. Total do grupo, e agradeço por esse primeiro ano como técnico.

Fazer parte da era mais vitoriosa do clube
Cada vez mais, tenho certeza do que falo. Sou um cara abençoado. Abençoado. O Mano e o Sidney, acho que tinham tantas pessoas para trazer e fui escolhido. Depois, participar de Paulista invicto, Copa do Brasil, poder trabalhar com Ronaldo. Roberto Carlos. Coisa que eu não sonhava. Depois a Libertadores, que eu não imaginava. Japão. Mundial. Eu sou abençoado. é o paulista que mais ganhou título? Nove anos. Muito feliz, então sou abençoado.



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