Hoje no Timão, Vilson chora perda de amigos e promete: ‘Jogarei por eles’

Zagueiro defendeu a Chapecoense no ano passado e se correspondia frequentemente com jogadores que morreram em acidente na Colômbia. Emocionado, corintiano faz desabafo

Vilson se emocionou durante entrevista coletiva
(Foto: LANCE!Press)

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Titular do Corinthians na reta final do Campeonato Brasileiro, o zagueiro Vilson havia se comprometido há alguns dias com a assessoria de imprensa do clube que concederia uma entrevista coletiva nesta semana. A ideia era falar da rara sequência como titular, da preparação para a partida contra o Cruzeiro e da luta por uma vaga na Copa Libertadores de 2017. O papo com a imprensa ocorreu nesta quarta-feira, mas esses assuntos passaram longe. O atual camisa 16 do Timão defendeu a Chapecoense no ano passado e perdeu muitos amigos no acidente que vitimou 71 pessoas na Colômbia. Apesar da dor, ele preferiu manter a decisão de ir à sala de imprensa do CT Joaquim Grava e chorou.

- Cara, difícil até falar. Ontem e hoje o pensamento é só neles, nos familiares. Por ser uma cidade pequena a gente estava sempre unido, o presidente Sandro Pallaoro fazia confraternizações, queria grupo e família unidos. É uma dor muito grande, sonhos interrompidos de um grupo muito alegre e feliz. Era o que eu via ano passado, a alegria de vencer continuou forte esse ano e eles mostraram nos jogos, na Sul-Americana. Formei irmãos ali, porque era uma luta pelos mesmos ideais. A gente fica muito triste pelo acontecido - diz o zagueiro.


Vilson atuou pela Chapecoense em 2015, se reapresentou para o início da atual temporada, mas logo foi contratado pelo Corinthians, clube pelo qual realizou 20 partidas até o momento. Ele se correspondia frequentemente com jogadores como Gil, Ananias e Bruno Rangel, que morreram na tragédia, e tem forte amizade com Neto, que está vivo. E por quem Vilson torce e reza pela recuperação.

- Nessas horas é que paramos para repensar nossa vida. A primeira coisa que fiz foi dar um abraço no meu filho. Depois que a gente é pai pensa duas vezes nas coisas que fazemos. Por isso abracei meu filho, minha esposa, minha mãe, e temos que dar valor às pessoas próximas. Estamos em oração pelo Neto, esperamos que ele saia dessa bem, com saúde, vivo. Temos um grupo no Whatsapp e nos falamos domingo, estávamos rindo, brincando, e hoje muitos deles não estão mais aqui. Temos que dar valor a quem está do nosso lado. Sei que vocês perderam companheiros de imprensa, então é para todos - desabafou.

Vilson apareceu na sala de imprensa do CT Joaquim Grava com uma camisa da Chapecoense e se emocionou olhando para o uniforme logo no início da entrevista coletiva. Após o fim da curta entrevista, exibiu a camisa aos fotógrafos e desabou, emocionado. Da lembrança dos ex-companheiros é que ele tentará tirar força para se recuperar.

- Foi uma tragédia muito grande, sabemos da dor. Mas temos que pegar isso como força. Há mais de 30 milhões de torcedores querendo uma vaga na Libertadores aqui no Corinthians. Hoje estou aqui pelos meus companheiros da Chapecoense, eles me ajudaram e me projetaram a vir para o Corinthians. Então tenho que jogar por eles, pegar essa alegria que eles tinham de exemplo e colocar em campo - disse.

CONFIRA OUTRAS DECLARAÇÕES DO ZAGUEIRO DO CORINTHIANS:

COMO SOUBE DO ACIDENTE?

"Foi um baque para todos. Eu estava dormindo e umas 6h o celular começou a apitar, muitos amigos fora do futebol mandando mensagem, minha mãe também. Eu vim para o treino no automático, não sabia o que fazer, para quem ligar. Meu irmão estava em casa e veio comigo para o treino. Ai cheguei aqui e vi o Lucca muito triste, que é amigo do Cléber Santana. Tudo muito triste, ninguém tinha cabeça para treinar, sem condições. O Oswaldo nos reuniu, passou conforto e nos decidiu para ir embora".

MEDIDAS SOLIDÁRIAS À CHAPECOENSE

"Estamos vendo a movimentação dos clubes, mas entre nós jogadores ainda não conversamos. Vamos esperar e ver as decisões a serem tomadas em prol da Chapecoense".

MEDO DE AVIÃO

"Eu nunca tive pânico, mas sempre tive medo de avião, na hora de pousar e decolar. Sem dúvida é uma coisa muito próxima da gente. Ficamos apreensivos e com certeza depois disso não tem como não pensar nos meus companheiros".

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