Cristóvão elogia herança de Tite e vê Corinthians como seu maior desafio

Presenteado com a camisa 8 que usou quando jogador do Timão nos anos 80, novo técnico é apresentado e diz que chegou 'para ser campeão'. Confira trechos da entrevista coletiva

Primeiro treino do Corinthians com Cristóvão Borges
(Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

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Cristóvão Borges não teme a sombra de Tite, técnico mais vencedor da história do Corinthians e que deixou o clube para assumir o comando da Seleção Brasileira. Anunciado neste domingo, dia em que acompanhou do camarote a vitória sobre o Botafogo, por 3 a 1, no Brasileirão, o novo técnico do Timão foi apresentado pelo gerente de futebol Alessandro e o diretor adjunto de futebol Eduardo Ferreira na tarde desta segunda-feira, quando também comandou seu primeiro treinamento.

Agora à frente do sexto clube em apenas cinco anos de carreira, o baiano de 57 anos acha que este é seu maior desafio profissional até o momento.

- Sem a menor dúvida. É o maior desafio, e isso que me move, mexe comigo e me motiva. Eu olho o projeto e cuido da minha carreira para crescer, então estou dando mais um salto. É uma responsabilidade grande, um trabalho que não vai ser fácil. Mas ao mesmo tempo estou em time bom, grande, forte. É mais uma oportunidade, e quero fazer de tudo para dar certo - disse.

Cristóvão Borges já defendeu o Corinthians como jogador em 58 jogos, nos anos de 1986 e 1987. Por isso, foi presenteado nesta segunda com a camisa 8, a mesma que utilizava quando era atleta.

Cristóvão começou a carreira como técnico em 2011, após o afastamento de Ricardo Gomes por questões de saúde. Ele comandou o Vasco em 78 jogos e depois seguiu para o Bahia (42 jogos), Fluminense (58 jogos), Flamengo (18 jogos) e Atlético-PR (20 jogos). Agora no Corinthians, assinou contrato até o fim de 2017, e não escondeu a felicidade pela perspectiva de um trabalho longo, especialmente com o legado deixado pelo ex-treinador.

- Eu sou uma pessoa otimista. O Corinthians teve um grande treinador, com grandes conquistas, mas já trabalhei em outros clubes e em alguns você tem as heranças. A herança que recebo aqui é de um treinador vencedor e um trabalho encaminhado. É um momento em que o Corinthians está se reformulando, e qualquer um passa dificuldades, porque requer tempo e no futebol o tempo é ontem. No começo mesmo ele (Tite) estava tendo dificuldades, porque tem que achar as peças. O time que todos nós aplaudimos ano passado, o atual campeão brasileiro, no primeiro semestre passou por dificuldades, foi um time que alternou performance, então é um processo natural, só que agora comigo no comando. Estou pegando uma boa herança de um treinador competente e vou ter que montar e criar um time como todo mundo espera, consistente e que possa buscar o título - confia o treinador.

- Quando você vai substituir treinador há uma lista de nomes, e eu fui a surpresa, não constava em nenhuma lista. Mas isso não me atrapalha. Me sinto privilegiado. Já conheço esse clube como jogador e de quando eu passei como jogador chegar como treinador e ver isso é uma honra e um prazer. Chego confiante - disse Cristóvão, que não deve fazer muitas mudanças no início de trabalho pelo Corinthians.


CONFIRA OUTRAS DECLARAÇÕES DE CRISTÓVÃO NA APRESENTAÇÃO:

Experiência em campo pelo Corinthians
"Não é o mesmo Corinthians em que eu joguei, mas é um clube que pensa em relações humanas, em criação de ambiente saudável. Achei isso bastante interessante. A maioria tem capacidade de investimento para fazer grandes times, mas algo tem que fazer a diferença e o Corinthians tem. Me senti em casa. Cheguei ontem, observei como era aqui, vi o convívio. Minha apresentação aos jogadores foi algo diferente, bacana, e me deu gás. Estou animado".

Relação com jogadores
"Vai depender muito da substituição do pai. Depende do meu comportamento... se eu agradar eles. E acredito muito nisso. Nos times em que já trabalhei, sempre com muita cobrança e exigência eu nunca tive problema no trato com jogadores, nunca tive dificuldades. Nesse momento, para ser treinador, além de estudar, há uma parte de experiência vivida, de prática, e isso me ajuda demais na carreira".

Conversa com Tite
"Não deu tempo para muita coisa não, mas ele sempre tem algo a dizer. Ele desejou coisas boas. Somos amigos e nos encontros que tivemos sempre falamos. Ele até ontem brincando comigo lembrou que tinha tirado de mim a Libertadores num jogo com o Vasco e agora estava entregando (risos). Me desejou sorte. Vindo dele, com essa energia boa, vou acreditar".

Só trouxe um auxiliar
"O Corinthians é um clube sólido, faz bem esse trabalho. Cheguei só com meu auxiliar, é minha maneira de trabalhar. Estou à vontade, já estou entrosado com os outros profissionais. Quando fui a campo tudo já estava conversado. Tudo que precisamos aqui tem. Há todas as ferramentas, e agora resolvemos as coisas no campo".

Identidade de jogo
"Todo treinador vai falar que busca equipe equilibrada, que possa ser eficiente em todos os setores do campo. Mas gosto do futebol bem jogado, toque de bola, controle de jogo. Gostei muito do jogo que fizemos, time compacto, que saiba defender bem. São esses os princípios que sigo".

Não tem títulos
"Vai pesar se eu não for campeão, e eu vim aqui para ser campeão. Todos esses campeões durante uma parte da carreira tiveram que buscar o primeiro título, e é nessa busca que sou. Se eu cheguei aqui mesmo sem título é porque tenho algo de interessante. Aqui, com tudo que existe, tudo o que o Corinthians oferece, profissionais e respaldo que é dado ao trabalho, é uma grande chance, e quero aproveitar".

Recado à torcida corintiana
"Ultimamente só encontro a torcida do Corinthians, mas agora estamos do mesmo lado. Só quero que eles continuem fazendo a mesma coisa, jogando junto com o time. A gente impõe isso ao adversário, sempre há comentários nos outros times. Essa torcida pesa, joga junto, e só quero que continuem fazendo. É o Corinthians associado à torcida".

Período sem clube
"Eu sempre fiz, em todo período em que não estou trabalhando em clube, tenho um grupo de trabalho que me acompanha e quando estamos parados fazemos reuniões para estudar. Acompanhamos futebol brasileiro e no mundo e discutimos bastante, tudo em pró daquilo que entendemos e queremos fazer".

Corinthians x Vasco em 2012
"Aquilo ali mudou a história. Naquele momento no Brasil nós éramos o único time que encarava o Corinthians daquela maneira, e quase ganhamos. Ainda não tive a oportunidade de falar com o Cássio sobre isso, mas vou falar... (risos)".

Cássio ou Walter?
"Eu cheguei, só dei um treino e eles não participaram. É lá no campo que resolve. Walter sentiu, Cássio passou mal. Mas acredito que o Cássio treine amanhã. Depois não sei".

Problemas contra o Atlético-MG
"Depois do jogo de ontem já procuramos conversar, chegamos cedo hoje, tivemos reunião com diretoria e comissão técnica para alinhar os detalhes e ver as condições clínicas de todo mundo. Amanhã será um dia de definições".

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