Da euforia diante do Brasil à queda na semi: o que faltou para a Bélgica?

Após uma partida quase perfeita nas quartas, seleção belga sofre para criar contra a França, vê seus melhores jogadores serem anulados e está eliminada da Copa do Mundo

França x Bélgica
AFP

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Faltou intensidade, criatividade e poder de fogo. Todas as características que fizeram a Bélgica vencer o Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo não apareceram contra a França. A atuação ruim rendeu a queda na semifinal e a necessidade de disputar o terceiro lugar, no próximo sábado. Com a frustração, o que faltou para a "geração belga" garantir uma vaga na final?

Entre a apagada partida de Lukaku, um De Bruyne longe dos seus melhores dias e uma defesa francesa impecável, vários fatores contribuíram para que a Bélgica nao repetisse a atuação que encheu os olhos na fase anterior do Mundial. O LANCE! conta os fatores que levaram os belgas a estarem abaixo do esperado na semifinal. 

De Bruyne sem espaço e recuado
A postura defensiva da França ficou clara: tirar o espaço de criação de Kevin De Bruyne. A marcação por zona francesa e a volta de Matuidi - que cumpriu suspensão contra o Uruguai - não permitiram que o principal articulador belga tivesse tempo para armar o jogo.

De Bruyne pegava na bola e via Matuidi na sua cola. Sem espaço para respirar, se livrava dela rápido. Quando arriscava, via Kanté na cobertura. Roberto Martinez colocou Mertens no segundo tempo e recuou o meio-campista para a segunda linha de ataque na intenção de desafogá-lo, o que mudou totalmente o esquema tático da seleção. 

Varane e Umtiti impecáveis, Lukaku isolado
Artilheiro da Bélgica na Copa do Mundo com quatro gols, a partida de Romelu Lukaku foi totalmente apagada. Os motivos vão além do jogador e entra no mérito do adversário: as partidas de Samuel Umtiti e Raphael Varane foram impecáveis. Bola aérea, recomposição ou cobertura, todas as tentativas do belga paravam nos zagueiros.

O terceiro gol da Bélgica contra o Japão, e o segundo contra o Brasil, mostram a movimentação de Lukaku como fator de desequilibrio na construção das jogadas. Contra a França, não houve espaço. O atacante terminou zerado em finalizações, jogadas criadas ou dribles. Em outras palavras, teve seu jogo anulado pelos franceses. 

Ausência de Meunier foi sentida
Suspenso pelo segundo cartão amarelo, Meunier causou uma falta maior que a esperada. Apesar da Bélgica não jogar com laterais de origem, o lateral-direito atuava como um ponta e era responsável por dar amplitude ao campo de ataque belga.

Suas ultrapassagens até a linha de fundo eram bem trabalhadas com De Bruyne e criavam mais uma opção de ataque. Chadli ocupou o setor e ficou sobrecarregado com a marcação. A Bélgica pouco atacou pelo lado direito, pois não tinha opção no setor.

Fellaini não tão surpresa assim
Contra o Japão, Fellaini entrou no segundo tempo e apareceu como elemento surpresa na área para empatar a partida. Contra o Brasil, a sua força física ajudou a combater um meio-campo leve, veloz, e novamente se lançou ao ataque. Contra a França, foi marcado de maneira especial. 

A função de Fellaini pouco foi utilizada. Como Pogba jogava nas suas costas, o meia não podia se lançar ao ataque de qualquer maneira. Quando conseguia subir, sempre havia alguém o acompanhando até a grande aérea para disputar de cabeça. O elemento surpresa de Fellaini não surpreendeu contra a França. 

Desorganização após estar atrás no placar

A Bélgica fazia uma boa partida até sofrer o gol. Mas diferentemente do que se viu contra o Japão, a seleção de desorganizou e pouco conseguiu levar perigo após o tento sofrido. As estrelas tentararam resolver de maneira individual, enquanto as jogadas trabalhadas foram deixadas de lado.

Até mesmo as substituições de Roberto Martínez não conseguiriam ser efetivas. Mertens e Carrasco entraram para dar velocidade e qualidade para a equipe, mas o que se viu foram mais cruzamentos desorganizados que pouco levaram perigo. 

Inferioridade numérica mesmo atrás no placar 
Martínez foi criticado por manter o esquema com três zagueiros mesmo estando atrás no placar. A defesa formada pelos três pilares é montada para dar liberdade ao meio-campo sair para o jogo e os volantes avançarem para dar opção. Verthogen chegou a atuar de lateral-esquerdo em alguns momentos. 

O problema é que no fim do jogo, quando a França estava recuada, os três zagueiros presentes em campo deixaram a Bélgica em inferioridade numérica no ataque. A busca pelo 2 contra 1 não acontecia porque os franceses substituíram para proteger a sua defesa, enquanto os belgas trocaram jogadores da mesma posição. 

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