Copa Tática: Polônia, em time que está ganhando, se mexe?

Caso a mudança tática da equipe para o 3-4-2-1 se confirme, a Polônia será mais uma seleção a adotar três zagueiros na Copa do Mundo. Lewandowski é o astro do time

Polônia x Lituânia
AFP

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"Testamos um sistema que pretendemos utilizar nos próximos jogos", disse Adam Nawalka após a derrota no amistoso contra a Nigéria, em março. Era o terceiro jogo seguido sem fazer gol, todos com o novo desenho. O treinador está no comando da Polônia desde 2013. Fez uma boa Euro 2016 (caiu nos pênaltis contra Portugal, nas quartas, após campanha invicta que teve também um 0x0 com a Alemanha na fase de grupos) e manteve o protagonismo nas eliminatórias, com ótimo aproveitamento no grupo de Dinamarca e Montenegro.

Ao longo do ciclo de quatro anos, o time passou por mudanças consideráveis. Após a Euro, a lesão de Milik obrigou o técnico a encontrar uma alternativa sem sua dupla de ataque. No fim de 2016, nascia a formação com apenas Lewandowski na frente, reforçando o meio com mais um companheiro para Krychowiak e Zielinski. Os 16 gols de Lewa nas eliminatórias confirmaram uma dependência de sua maior estrela, mas também mostraram que o funcionamento coletivo era positivo.

Um ano depois, quando a formação parecia definida e consolidada, Nawalka resolveu adotar um 3-4-2-1 nos amistosos contra Uruguai, México, Nigéria e Coreia do Sul. A ideia sofre com alguma rejeição no país, mas o trabalho do comandante dá algum respaldo. A desconfiança é que o país repita 2002 e 2006, quando foi bem nas eliminatórias e caiu na fase de grupos da Copa.

O novo sistema tenta privilegiar a dupla mais criativa da equipe, dando liberdade para Zielinski e Grosicki. A grande novidade está no posicionamento de Piszczek, que sai da lateral e forma a zaga com Glik e Pazdan, dupla de boa Euro 2016. No meio, Krychowiak tem papel fundamental na distribuição. É quem inicia a saída de bola junto aos homens da primeira linha, com bom passe. A principal questão é em que nível. Destaque no Sevilla, Krychowiak foi para o PSG, onde não jogou e ficou encostado. Para recuperar ritmo, foi para o West Bromwich como uma grande contratação, mas acabou rebaixado em uma temporada turbulenta e vexatória do clube. A velocidade do jogo da Premier League foi um obstáculo para o jogador, que não conseguiu controlar o setor como fazia no Sevilla ou na seleção. Na Copa, será fundamental observar como lidará com a pressão de adversários, já que não é um jogador ágil. Com tempo, dita o ritmo da Polônia. Pressionado, pode ter mais problemas.


Talvez a maior incógnita esteja nas alas. Blaszczykowski é o titular na direita, mas já não tem o mesmo nível dos tempos de Borussia Dortmund. A grande novidade pode sair do campeonato nacional. Rafal Kurzawa é o destaque do Górnik Zabrze, clube recém-promovido e que fez grande campanha na Ekstraklasa. Aberto na esquerda, foi o líder isolado de assistências da competição. Na seleção, foi testado em março e aproveitou a oportunidade.


Caso o 3-4-2-1 se confirme, pode pintar como titular mesmo sem ter participado das eliminatórias, superando Rybus, que se encaixaria mais como lateral em uma linha de quatro, assim como Jedrzejczyk e Berezszynski.
Como os dois sistemas foram trabalhados nos amistosos de preparação, fica a expectativa. A mudança é sutil é pode ser feita inclusive dentro de um mesmo jogo, sem qualquer substituição. Basta Piszczek deixar a lateral e se alinhar com os zagueiros, deixando Blaszczykowski como ala no corredor.

Caso a mudança tática se confirme, a Polônia será mais uma seleção a adotar três zagueiros na Copa do Mundo. Ao mexer no time que estava ganhando, Nawalka assume uma responsabilidade que pode determinar sua sequência ou não no comando. Dentro dos jogos, o 4-4-2 com Milik é sempre a principal variação ofensiva, com a positiva notícia da recuperação do atacante do Napoli, que terminou a temporada fazendo gols importantes na Itália.

A principal preocupação está no zagueiro Kamil Glik, que chegou a ser cortado por lesão, mas se recuperou e foi reconvocado, mesmo que não esteja 100%. É o principal líder defensivo e, caso não jogue, Bednarek e Cionek disputariam a posição. No ataque, Lewandowski terminou a temporada sem agradar no Bayern, mas se transforma com a camisa da seleção. Assume um protagonismo que faz dele o centro de todas as ações ofensivas, seja finalizando ou ajudando a construir jogadas como pivô.

Por mais que o novo sistema pareça se encaixar bem com as peças, principalmente pensando no funcionamento ofensivo, ter optado pelo 4-2-3-1 no amistoso contra o Chile, o mais relevante nas semanas anteriores ao mundial, passa a impressão de que o 3-4-2-1 é apenas uma alternativa. Um plano B que pode ser acionado dentro das partidas, como o próprio brasileiro Thiago Cionek definiu em entrevista recente. Em um grupo sem grandes referências, a Polônia tem a responsabilidade de passar de fase, até para justificar seu status de cabeça de chave no sorteio da Copa.

Jogos no Grupo H
​19/6 - 12h - Polônia x Senegal
24/6 - 15h - Polônia x Colômbia
28/6 - 11h - Japão x Polônia

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