Copa Tática: Espanha e a expectativa que volta a ser alta

Lopetegui, à frente de um dos elencos mais técnicos do mundo, resgatou a confiança de uma seleção que é favorita ao título da Copa do Mundo da Rússia

Espanha entra forte em busca do bi em 2018
AFP

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Dominante entre 2008 e 2012, a Espanha saiu do Brasil, em 2014, com os rótulos de modelo esgotado e validade vencida. De fato, era a reta final para algumas referências como Xavi e Xabi Alonso, jogadores determinantes para o estilo de jogo que caracterizou uma das melhores seleções das últimas décadas. A Copa de 2014 foi cruel para um time conhecido pelo controle. Além da queda física e do calor, o país encontrou adversários de muita intensidade sem bola, o que dificultou ainda mais. Quatro anos depois, a Espanha chega novamente como uma das principais favoritas. E não por acaso. O LANCE! publica nesta quinta mais um capítulo da série Copa Tática, com análises diárias das 32 seleções até 13 de junho - clique no fim do texto e veja também como jogam os outros três times do Grupo B: Portugal, Marrocos e Irã.

Julen Lopetegui conseguiu resgatar a confiança de um dos elencos mais técnicos do planeta. E promove uma renovação como sequência de seu excelente trabalho no Europeu Sub-21 de 2013, quando montou um time que funcionou extremamente bem com Koke, Thiago e Isco no meio. Os três são opções importantes para 2018, ainda que apenas Isco seja titular absoluto, até pelo que o treinador já mostrou ser capaz de extrair do jogador.

A estrutura defensiva da Espanha costuma ser até subvalorizada. Com De Gea, Carvajal, Piqué, Sergio Ramos e Alba, o país reúne referências das posições no futebol mundial. O crescimento de Jordi Alba na temporada 2017/18 também merece ser destacado, já que a saída de Neymar fez com que o lateral voltasse a ter o papel de atacar o fundo e abrir o campo pela esquerda. O entendimento com Iniesta também pode ser chave para as combinações e acelerações pelo setor. Piqué e Sergio Ramos são dois dos melhores zagueiros do mundo há uma década, e De Gea fez um ciclo extraordinário no Man Utd.

No meio, Busquets representa o equilíbrio para estabelecer o time no campo de ataque. E não falta controle quando se tem tantas opções de meio-campistas. Uma vantagem é a variação de características individuais. Thiago acrescenta distribuição, Koke e Saúl oferecem maior capacidade física e infiltração, e Iniesta é o termômetro técnico, com o cuidado sobre como aguentará a intensidade imposta pelos adversários.


David Silva fez grande temporada como meio-campista no Man City, mas faz parte do trio ofensivo na seleção. Partindo da direita, tem liberdade para circular por todo o campo, tem o passe final e é importante nas infiltrações para o time não perder profundidade. Isco faz o mesmo partindo da esquerda, o que gera aproximação entre alguns dos meias mais criativos do planeta e ainda permite que Alba chegue ao fundo. A grande dúvida está na função de 9.
Diego Costa, Rodrigo, Iago Aspas e Asensio. Alternativas que já foram testadas e oferecem estilos diferentes. Asensio foi muito bem quando atuou na função contra a Itália, em 2017, no Santiago Bernabéu. Não é exatamente sua melhor posição, mas tem muita capacidade, cresce em jogos importantes e vira uma arma a mais pela condução de bola nas transições. Rodrigo cresceu muito no Valencia como um especialista em buscar espaço entre as linhas dos adversários. Na reta final da temporada, mostrou também a capacidade de se projetar para receber passes nas costas da defesa, o que será fundamental para um time que se propõe a ter a bola o tempo todo e precisa de um goleador. O mais artilheiro deles, naturalmente, é Diego Costa. Um perfil diferente, com menos associação, mas mais agressividade para buscar o contato físico, batalhar pela bola e iniciar o trabalho sem ela.


É curioso falar sobre o trabalho sem bola no momento de destacar os atacantes, mas não é por acaso. Um dos desafios para a Espanha é ser um time capaz de pressionar imediatamente após cada perda, mantendo a posse no campo de ataque e não precisando correr para trás. Ter que se posicionar no campo de defesa é tudo que a Espanha menos quer e menos consegue fazer. Como equipe preparada para controlar e ter a bola, as transições defensivas viram o grande fantasma. Por isso, evitar que os períodos de posse do adversário se prolonguem é a prioridade número um para a seleção não sofrer. Conseguindo se estabelecer no ataque e impedindo que o rival tenha saída no contra-ataque, não há elenco com mais qualidade individual. Mas manter 90 minutos de pressão com peças como Iniesta, David Silva e Isco é um grande desafio.

A ausência mais destacada da convocação foi a de Álvaro Morata. O atacante tem a melhor média de gols pela seleção e correspondeu quando foi utilizado, mas a temporada ruim pelo Chelsea pesou quando comparada ao que Iago Aspas fez pelo Celta. Além disso, Aspas também oferece a opção de atuar como um ponta mais incisivo, função que também faz muitas vezes no clube. As variações pelos lados do ataque podem ser importantes para Lopetegui administrar os diferentes cenários, seja com meias criativos (Isco e Silva), com a agressividade em diagonais (Iago Aspas e Asensio) ou com a velocidade para as transições, papel que Lucas Vázquez fez inúmeras vezes com Zidane. Outro tópico da lista final é a ausência de um reserva imediato para Busquets, o que transfere a função para Thiago. Por último, a lesão de Carvajal na final da Champions League foi o problema de última hora, mas o lateral deve se recuperar. No banco, Azpilicueta e Nacho ocupam as vagas de zagueiro e dão versatilidade. Odriozola, sensação do Campeonato Espanhol com a Real Sociedad, seria a primeira opção em caso de necessidade na lateral, com muita qualidade ofensiva e nem tanta segurança no momento defensivo.

Jogos no Grupo B
​15/6 - 15h - Portugal x Espanha
​20/6 - 15h - Irã x Espanha
25/6 - 15h - Espanha x Marrocos

Quer saber como jogam as seleções do Grupo A, o primeiro a entrar em campo na Copa do Mundo? Clique abaixo e confira:

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