Os caras das Copas: Roger Milla, um veterano com alegria e estrela

Atacante camaronês participou de três Copas, brilhando no Mundial de 1990

GALERIA: Veja as Copas disputadas por Milla e o clube que ele defendia no período de cada Mundial
(Foto: Popper Foto/Fifa)

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Antes de Samuel Eto'o, um outro atacante camaronês impressionou o mundo com sua velocidade e faro de gol. Estamos falando de Roger Milla, jogador que participou de três Copas (1982, 1990 e 1994) e ajudou a levar seu país até as quartas de final em 1990, fato até então inédito para uma seleção africana. Além do bom futebol, Milla também ficou notabilizado por sua longevidade no futebol e alegria na hora de comemorar os quatro gols na Copa de 90, sempre com uma sambadinha - que era uma homenagem ao Brasil e à inspiração que o futebol brasileiro levara à África com as excursões do Santos nos anos 60.

O cara da Copa - Roger Milla
(Imagem: Arte LANCE!)

A saga de Milla nas Copas começa em 1982, na Espanha, já com 30 anos. O atacante saíra da África rumo à França com o título de melhor jogador do continente, em 1976, mas no futebol francês acabou jogando por clubes que não eram as grandes potências do país. Camarões caiu no grupo A da Copa da Espanha, a primeira de sua história, juntamente de Itália, Polônia e Peru. No primeiro jogo, contra o Peru, Milla teve um gol legal anulado por impedimento. O duelo acabou 0 a 0 e uma vitória de Camarões faria toda a diferença futuramente na história daquele mundial. O segundo duelo foi diante da Polônia. Milla foi novamente titular, mas de novo o placar não se mexeu. A vaga seria decidida contra a Itália. O jogo terminou 1 a 1 e os italianos, também com três empates, acabaram avançando por ter um gol a mais. A Azzurra depois embalou e foi campeã. O gol anulado de Milla na estreia teria mudado tudo.

Camarões não conseguiu vaga na Copa de 1986, mas voltou ao Mundial em 90. Milla já tinha 38 anos e só foi convencido de ir ao Mundial por interferência do presidente do país, Paul Biya, que era seu amigo. Milla estava no pequeno JS Saint-Pierroise, da França, em "retiro" após a morte da mãe e a gravidez de sua esposa. Na Copa da Itália, o Camarões enfrentaria Argentina (campeã de 1986), Romênia e União Soviética no grupo B. A estreia, contra a Argentina, teve uma surpreendente vitória de Camarões por 1 a 0, com Milla saindo do banco. No segundo duelo, diante da Romênia, Milla novamente deixou a reserva e marcou os dois gols do triunfo camaronês por 2 a 1. Já classificada às oitavas de final, a seleção africana levou 4 a 0 da União Soviética no último jogo da fase de grupos, com Roger Milla novamente entrando durante o segundo tempo.

Nas oitavas, Camarões teria pela frente a Colômbia. Milla saiu do banco aos nove minutos da segunda etapa e o duelo terminou 0 a 0 no período normal. No primeiro minuto do segundo tempo da prorrogação, Milla decidiu fazer história. O atacante driblou os zagueiros Luis Carlos Perea e Andrés Escobar e chutou para dentro do gol de René Higuita. Três minutos depois, um lance que entrou para o folclore das Copas. Higuita saiu do gol e tentou driblar Milla, que desarmou o goleiro e correu livre para balançar a rede. Mais tarde, sobre o lance, Milla foi categórico: "Ele tentou me driblar e ninguém dribla o Milla." A Colômbia ainda descontou no fim, mas Camarões passou para as quartas.

A Inglaterra era a rival das quartas. Os ingleses saíram na frente, mas Milla deixou o banco e colocou fogo no jogo. Primeiro ele sofreu pênalti convertido por Emmanuel Kundé. Depois, deu assistência para Eugéne Ekéké virar. A vaga na semi esteve próxima, mas Gary Lineker marcou de pênalti a sete minutos do fim. Depois, na prorrogação, Lineker fez 3 a 2 e pôs fim ao sonho camaronês.

A última vez de Roger Milla em uma Copa foi nos Estados Unidos, em 1994. Novamente convencido por Paul Biya, o atacante tornou-se, aos 42 anos e 39 dias, o mais velho atleta a disputar a competição até então, quebrando a marca do norte-irlandês Pat Jennings. A marca histórica de Milla só seria quebrada no Mundial de 2014, quando o goleiro colombiano Faryd Mondragón, aos 43 anos e três dias, participou da vitória de sua seleção sobre o Japão. Milla não entrou no primeiro jogo do grupo B, empate por 2 a 2 contra a Suécia. No segundo jogo, saiu do banco na derrota por 3 a 0 diante o Brasil. No terceiro duelo, contra a Rússia, mais uma vez saiu da reserva e fez o gol único de sua seleção em revés por 6 a 1 - quando a partida já estava em 3 a 0 para os russos. Com este gol na eliminação de seu país, Roger Milla virou o jogador mais velho a marcar um gol em uma Copa, recorde que se encontra vigente até hoje.

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