Campeão como jogador e incógnita como técnico: Hierro encara desafio

Chamado para apagar o incêndio causado pela demissão de Julen Lopetegui, Fernando Hierro terá a missão de trabalhar em uma Copa tendo pouca experiência no cargo 

Hierro foi apresentado como novo técnico da seleção espanhola
(Foto: Carmelo Rubio/RFEF)

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A seleção espanhola foi atingida por um incêndio na última quarta-feira. O acerto de Julen Lopetegui com o Real Madrid (ESP) - sem comunicar a Federação Espanhola com com antecedência - resultou em sua demissão e na abertura de uma crise às vésperas da Copa do Mundo. O escolhido para resolver a situação foi o ex-jogador Fernando Hierro, conhecido por seus títulos dentro de campo, mas inexperiente fora dele. A ideia é a mesma de um bombeiro: impedir que o fogo destrua o sonho do bicampeonato mundial. 

Conhecido como "El Jefe", Hierro estava trabalhando como diretor da seleção espanhola quando foi convidado para assumir o cargo à beira do campo. Segundo Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola, ele era o plano A desde o princípio. O planejamento é manter a mesma linha de trabalho de seu antecessor, sem grandes mudanças ou rupturas. E, principalmente, não perder a confiança de um elenco que pediu pela permanência de Lopetegui. 

A principal característica de Fernando Hierro - talvez, o principal motivo para sua escolha - é a mais necessária para o momento que vive a 'Fúria: perfil de liderança. Fator que não chama atenção em Luis Enrique, Michel Hernández e Albert Celades, também candidatos à vaga. O ex-zagueiro disputou quatro Copas do Mundo, sendo duas como capitão da seleção espanhola, além de conquistar três Ligas dos Campeões pelo Real Madrid - também com a braçadeira. 

De acordo com os jornais Marca e AS, os líderes de Real Madrid e Barcelona - e também da seleção, Sergio Ramos, Piqué e Iniesta - teriam reunido o grupo e se colocado à frente para defender Lopetegui. Não foi o suficiente para impedir a demissão, o que deixou um clima de atrito entre jogadores e diretoria. Esse será o maior desafio que Hierro terá fora de campo: ser o elo do elenco com o presidente que não falam a mesma língua. 

O grande problema é que uma Copa do Mundo não é vencida apenas com gestão de grupo. A carreira de Hierro foi vitoriosa como jogador, mas praticamente inexistente como treinador. Seu único trabalho foi pelo Real Oviedo, equipe da segunda divisão espanhola, que terminou na oitava colocação e não deixou saudade. O lado positivo é ter trabalho como auxiliar-técnico de Carlo Ancelloti na temporada 2014-2015. 

Hierro pode ser classificado como uma "incógnita", assim como toda a situação que a seleção espanhola se encontra. Julen Lopetegui deixa a Espanha com um trabalho praticamente perfeito, somando com 20 jogos, nenhuma derrota e o status de favorita para a conquista do título. Agora, está cercada por mais dúvidas que certezas faltando 24h para a estreia no Mundial, contra Portugal. 

- A chave é mudar o mínimo possível (trabalho de Lopetegui). Temos que enfrentar isso com responsabilidade porque temos três partidas para continuar no Mundial. Viemos para competir e jogar a Copa. E uma Copa só acontece cada quatro anos. Se eu não estivesse certo de que podemos conseguir, não estaria aqui - afirmou Hierro em sua apresentação.

Para a próxima sexta-feira, Hierro terá que responder algumas perguntas. Diego Costa ou Rodrigo, quem será o titular no ataque? Koke ganha a posição de Thiago, de Iniesta, ou começa no banco? A Espanha manterá seu estilo de posse de bola, que foi criticado pelo novo treinador quando estava no Real Madrid? O planejamento de 'mudar o mínimo possível' é correto, mas Hierro precisa de algo mais se quiser levantar a taça no dia 15 de julho. 

*Sob supervisão de Thiago Salata

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