Controladora do voo da Chape: ‘Fiz tudo que era humanamente possível’

Em livro, colombiana Yaneth Molina quis divulgar os aspectos técnicos sobre o acidente que deixou 71 mortos e como isso a afetou pessoalmente

Chapecoense - Acidente
(Foto: NELSON ALMEIDA/AFP)

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O acidente da Chapecoense, que deixou 71 mortos no dia 29 de novembro de 2016 está prestes a completar um ano. Pouco antes deste triste 'aniversário', mais precisamente no dia 17 de novembro de 2017, a controladora de voo, Yaneth Molina, que foi a última pessoa a ter contato com a tripulação, lançará um livro contando em primeira pessoa a sua experiência na tragédia, e a obra já foi nomeada: "Eu também sobrevivi".

Em entrevista ao G1, Yaneth explicou que o objetivo do livro é dar forma aos sentimentos dela durante a tragédia e depois, quando sofreu ameaças e não pôde sair de casa por um certo tempo. A colombiana ainda afirma que quis expor os bastidores - tanto técnicos quanto pessoais - para o público. 

- Esse livro é uma catarse, uma maneira de expurgar todo esse medo e dor, e uma maneira de assentar a situação e seguir adiante - afirmou.

O livro foi escrito com a ajuda de seu marido, Carlos Acosta García, que também é controlador de voo, e já tem editora e data de lançamento na Colômbia, mas em outros países a distribuição não está definida.

Sempre cautelosa ao dar suas respostas, Yaneth relembrou os acontecimentos logo depois do acidente que comoveu o mundo.

- Foi muito doloroso. Não queria sair de casa, chorava dia e noite, porque, além de tudo, as pessoas não entendiam o que tinha acontecido, a parte técnica do que havia feito -. 

Yaneth chegou a ser ameaçada e diz que temia por sua integridade física e da sua família, mas que estava tranquila quanto à atuação que teve no acidente.

- Estava absolutamente segura de que fiz as coisas bem feitas, fiz tudo que era tecnicamente obrigatório e o que era humanamente possível.

No fim da entrevista, Yaneth afirmou que um mistério sempre vai acompanhá-la, uma vez que o que aconteceu foi algo inédito nos seus 22 anos de experiência como controladora de voo.

- Uma das coisas que ainda não entendo é por que a tripulação ficou calada, ou omitiu as informações sobre a emergência. Quando realmente emitiram o sinal de emergência, eram praticamente dois minutos antes. Tenho 22 anos de experiência como controladora, e foi a primeira vez que passei por algo tão difícil. Nunca havia acontecido. Sempre, em todos os momentos, vai ser difícil falar sobre esse assunto. Mas escrever o livro me ajudou muitíssimo a falar sobre o tema e enfrentá-lo. 

De acordo com o jornal colombiano "El Tiempo", em agosto de 2017, os peritos da polícia local responsáveis por apurar as ações de Yaneth concluíram que ela "cumpriu com todos os procedimentos estabelecidos em seu manual de funções e que suas instruções não incidiram no posterior acidente da aeronave, que terminou batendo no Cerro Gordo".

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